O primeiro filme do universo dos estúdios da Marvel estreou a 14 de abril de 2008, chegando às salas de cinema portuguesas a 1 de maio do mesmo ano. A obra cinematográfica baseada na personagem criada pela Marvel Comics Universe (MCU) e dirigida por Jon Favreau foi nomeada para 39 prémios, incluindo dois Óscar e um Grammy.

Na obra, Tony Stark (Robert Downey Jr.) é um industrialista e mestre em engenharia, enquanto, simultaneamente, é um playboy, alcoólico e filantrópico. Herdou do pai as Indústrias Stark, mais conhecidas por serem as maiores produtoras de armamento do mundo e com a tecnologia mais avançada. De forma a apresentar o mais recente projeto, Tony desloca-se ao Afeganistão para apresentar a arma mais eficaz e, consequentemente, mais mortífera que a empresa já tinha produzido.

No final da apresentação, a comitiva onde seguia o engenheiro e os seguranças foi atacada por misseis da Indústrias Stark e Tony foi capturado por um grupo terrorista. Na caverna onde é aprisionado conhece outro refém, Yinsen (Shaun Toub) que o salva da morte construindo um eletroíman que mantém as partículas de bomba que entraram no corpo de Stark de se aproximar do coração.

Tony procura desesperadamente uma saída, mas só consegue que a sua liberdade seja negociada: se ele contruísse um míssil Jericho para o grupo, eles libertavam os dois homens. Deste modo, Tony e Yinsen juntam forças para contruir uma maneira de sair dali, após concordarem que o líder terrorista não ia cumprir a sua palavra. São, assim, dados os primeiros passos do que viria a ser o Homem de Ferro. Além desta complicação, muitas outras aparecem ao longo da narrativa, nomeadamente a traição do seu “fiel” sócio, Obadiah Stane (Jeff Bridges).

Em relação à prestação dos atores será impossível não dar um enorme destaque ao protagonista Robert Downey Jr. que interpretou o futuro vingador de uma maneira extraordinária. Se não fosse Downey o Homem de Ferro, mais nenhum outro ator o faria tão bem. A personagem é um super-herói diferente de todos os outros e o tom sarcástico, aparentemente despreocupado e de quem não precisa de ninguém, assenta que nem uma luva ao americano. Já para não referir o estilo de estrela de rock que é dado ao personagem que é o espelho do ator. Mas também a prestação de Obadiah Stane é notável, o perfeito vilão que é a personificação do velho ditado “as aparências iludem”. Gwyneth Paltrow também merece o holofote como Pepper Pots. A ponderada e sensata assistente de Tony Stark que se revela mais importante e marcante do que se espera.

Dois factos curiosos deste filme são a liberdade que os atores tiveram para improvisarem os diálogos, uma vez que a produção estava mais focada na história e na ação, aumentando a espetacularidade da capacidade de atuar do elenco. O outro facto prende-se com a lista de reprodução que acompanha os momentos de ação da obra. O compositor Ramin Djawadi era um fã do super-herói dos “quadradinhos” quando era criança. Por extensão, o diretor Jon Favreau percebeu, desde o início, que Tony Stark era mais uma estrela de rock do que um super-herói tradicional e, portanto, a música que o definiria teria de ser diferente do comum. Foi então que decidiram que seria o heavy metal e o rock que dariam emoção ao filme.

Além de várias músicas conhecidas como a Back in Black dos AC/DC, que abre a ação inicial, muitas outras foram escolhidas e criadas com a ajuda de Hans Zimmer (compositor) e Tom Morello (guitarrista dos Rage Against the Machine). Definitivamente que a trilha sonora faz toda a diferença no filme e ajuda a caracterização da personagem da Marvel.

Além da bem-sucedida escolha de músicas, também as cores do filme são impecavelmente aplicadas. Cores fortes e contrastantes, como o vermelho e amarelo, no fato do Homem de Ferro concedem uma imponência imediata. Adicionalmente, as cores mais frias, principalmente o negro no início da obra, ajudam o espectador a entender a história e a distinguir os vários momentos da narrativa. O jogo de luzes e efeitos especiais que são já marca de referência da Marvel fazem a magia acontecer.

Os 126 minutos de filme são puro entretenimento e levam o espectador a viajar a uma realidade que, apesar de bastante real pela atualidade, é paralela ao mundo que conhecemos. Para os iniciantes deste universo, cronologicamente o Homem de Ferro não é o primeiro filme. No entanto, é um excelente primeiro contacto com a MCU. A longa-metragem, com certeza, vai despertar a curiosidade de muitos para emergir neste mundo, que conta com muitos apaixonados à volta do globo, e quem sabe noutras galáxias.