Brooklyn Nine-Nine (B99) é uma série norte-americana que estreou a 17 de setembro de 2013. Dia 30 de março os polícias disfuncionais ofereceram-nos uma sétima temporada. Apesar de mais curta, não deixa a desejar em momentos determinantes, nem em desenvolvimentos de personagem inesperados.
Geralmente numa série conseguimos destacar uma personagem e uma performance. No entanto, ao longo de todas as temporadas de B99 e esta não foge à regra, todo o elenco faz um trabalho fenomenal. Todas as personagens são muito bem desenvolvidas e carismáticas e têm uma performance que o acompanha. Destaco, contudo, nesta temporada, Andy Samberg (Jake Peralta) e Andre Braugher (Raymond Holt). Estes dois atores destacam-se pela forma como conseguiram acompanhar o desenvolvimento da sua personagem.
Peralta é o agente mais irresponsável e imaturo de toda a polícia de Nova Iorque. Contudo, a idade e o relacionamento começam a mudá-lo. Samberg consegue transpor na sua performance a batalha interna da personagem entre a maturidade que a vida lhe exige e a essência que ele não quer perder. Já Raymond Holt, até este momento capitão da esquadra, foi despromovido. Uma das características mais associadas à personagem era a sua autoridade. Braugher, por sua vez, representa bem a vontade da sua personagem de manter o seu estatuto de poder que o cargo já não lhe confere. Destaco ainda, a química cada vez mais enternecedora entre Peralta e Amy (Melissa Fuemro), tão bem representada que nos dá vontade de que o casal seja real.
O argumento desta sétima temporada não deixa, de todo, a desejar. Entre voltas e reviravoltas inesperadas, momentos marcantes da vida, o nascer de uma e o final de outra e as peripécias policiais insólitas a que já nos habituaram, os 13 episódios fazem-se valer sem soarem apressados.
O desenvolvimento das personagens é um dos pontos mais fortes e algo que já era necessário. Quando uma personagem não muda ao longo de várias temporadas, tende a tornar-se mais unidimensional para o espectado, logo menos real e interessante. Com o passar das temporadas e dos anos na série, a mudança de alguns comportamentos era impreterível. Porém, nem sempre isto é bem executado. Felizmente isso não é o caso de B99. As personagens que tanto adoramos começam a revelar nas suas ações e pensamentos o peso da idade, mas nunca perdem a essência que as define.
Esta série é uma comédia de câmara única, algo que não é muito comum na televisão. Contudo, para quem segue esta esquadra desde início, este estilo já parece insubstituível. Outra das coisas que não imaginávamos que pudesse ser de outra forma é o som (ou a falta dele). Para além da icónica música de abertura, a comédia policial conta com poucos elementos sonoros. No entanto, considero isso uma lufada de ar fresco. Nos momentos mais cómicos, não ouvimos as típicas gargalhadas engarrafadas. O que, a meu ver, tora as situações muito mais orgânicas e ainda mais constrangedoras, o que ajuda, sem dúvida, à comédia.
Apesar de a nível de acontecimentos a temporada ter enchido as medidas dos espectadores, o número de episódios sabe-nos a pouco. Para os mais aficionados da série, esta temporada muito dificilmente ocupa mais de uma tarde (apesar de ser uma tarde bem passada). Numa face mais feliz da situação, quase a par desta estreia, a NBC anunciou que já começou a trabalhar numa oitava e última temporada de B99. Num misto de entusiasmo e nostalgia antecipada, mas com a certeza de que lá estarei para me despedir de uma das melhores comédias atuais.
Título Original: Brooklyn Nine-Nine
Realização: Michael McDonald, Linda Mendoza, Claire Scanlon
Argumento: Dan Goor, Michael Schur
Elenco: Andy Samberg, Andre Braugher, Melissa Fumero
EUA
2021