Causas, consequências e como prevenir este síndrome foram os temas que marcaram a conversa.
A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), em conjunto com a Associação de Estudantes de Psicologia da Universidade do Minho (AEPUM),organizou esta segunda-feira, dia 12 de abril, a conferência “Síndrome de Burnout: Como lidar?”. O convidado a explorar esta temática foi o professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho e psiquiatra, Pedro Morgado.
Burnout é um termo que “está presente em inúmeras situações do quotidiano” das pessoas, afirmou o professor. “Não é uma doença, é um síndrome de exaustão física e mental, relacionada com a vida profissional ou académica” do individuo, explicou Pedro Morgado. A exaustão acaba por ter repercussões negativas no dia a dia das pessoas e estas acabam “por não conseguir realizar-se em todas as suas potencialidades”.
Exaustão emocional, ineficácia profissional e académica e distanciamento afetivo são três componentes que, normalmente, estão presentes no Síndrome de Burnout. Em consequência, podem surgir problemas relacionados com a ansiedade, depressão ou com o sono: “problemas que se estruturam em resposta ao stress quando ele faz sofrer”, esclareceu Pedro Morgado. Além disso, aumenta também o risco para doenças cardiovasculares, endocrinológicas e alimentares. Estas doenças “podem instalar-se com maior probabilidade como resposta ao stress e à exaustão”, notou o orador.
De acordo com o professor da Escola de Medicina, o Síndrome Burnout “não é um problema da pessoa que está nessa condição, é sempre um problema da pessoa e do sistema em que a pessoa está a estudar ou a trabalhar”. As causas principais do Bournout são o stress, excesso de trabalho, falta de suporte social, falta de controlo e autonomia e o não reconhecimento de conquistas e bons desempenhos.
Para além destes fatores, no tempo da pandemia, a falta de espaço próprio, inexistência de atividades de lazer, diminuição da atividade física e o isolamento têm tido também um grande impacto no Burnout. “Ao contrário das expectativas, os idosos não parecem ser os mais afetados pelo isolamento ou distanciamento físico a que a pandemia obriga”, abordou Pedro Morgado. “Quem tem surgido, em muitos estudos, com níveis de sofrimento psicológico e mental mais elevados são as pessoas mais jovens, precisamente aquelas que estão na transição de adolescência para idade adulta e adultos jovens”, acrescentou.
O excesso de tempo passado à frente do ecrã e/ou em conversas zoom e a permanência nos mesmos espaços são ainda outras consequências que aproximam mais as pessoas do Bournout, durante esta crise pandémica. “Vestirmo-nos como se fossemos sair” é uma das ferramentas que ajudam os indivíduos a preservar a sua saúde mental, segundo Pedro Morgado. As pessoas devem “mimetizar aquilo que são as condições da universidade e do trabalho, para preservar a saúde mental”.
Para prevenir o Burnout, as pessoas devem ter objetivos e uma vida para além do trabalho e do estudo, devem ter uma rede de relações interpessoais e aprenderem a saborear aquilo que corre bem. Por extensão, devem habituar-se a partilhar sucessos e insucessos com os outros e ter em conta os hábitos de sono e consumo de substâncias.