Land, lançado em fevereiro, é um filme que estreia Robin Wright como realizadora. A longa-metragem tem como pano de fundo uma tragédia familiar, vivida por Edee. Como solução instala-se numa cabana abandonada onde se dispõem a esperar pela morte lenta. Assim, a obra cinematográfica apresenta-nos o luto como forma de expressão singular.
Depois de perder o marido e o filho, Edee decide procurar refúgio numa cabana de madeira desabitada. O rompimento com o mundo civilizado é abrupto, ainda que propositado. Num episódio à beira da morte é salva por um caçador local, que lhe inverte os planos e fá-la querer viver novamente.
A obra cinematográfica é bem protagonizada, papel assumido por Robin Wright. Existe força, expressão e envolvimento na representação da atriz, o que faz com que o espectador sinta a história com maior convicção. Do mesmo modo, durante o visionamento do filme, assistimos ao crescimento e desenvolvimento pessoal da protagonista. Os objetivos iniciais deixam de ser os mesmos e a forma como vê o redor seu redor sofre também alterações notórias. Além disso, as breves personagens têm todas interesse, chamam por nós e, por isso, queremos saber mais sobre essas.
No que diz respeito ao nível visual, somos comtemplados com paisagens extraordinariamente bonitas. São apelativas e criam um excelente ambiente circundante, acabando, às vezes, por se superiorizar face à história. Além disso, natureza assume um papel importante na paleta de cores usada, que é esteticamente afável.
Quanto à narrativa em si, esta é corpulenta e inquietante. Os pormenores não são revelados logo à partida, o que suscita uma curiosidade constante e até crescente ao longo da visualização. Dessa forma, são usadas elipses que deixam o filme limpo de diálogo ruidoso para a compreensão do mesmo.
A obra embala-nos numa onda profundamente dramática, situação que pontualmente cai no exagero. O fim acaba por ser ligeiramente expectável, havendo detalhes que não surpreendem. A forma trágica como acaba arrisca a ser, moderadamente, considerada um cliché.
A câmara conta a história de modo aprazível. Os planos usados fazem com que o espectador não perca o entusiasmo e, portanto, existem sempre pontos de interesse. Posto isto, a fotografia é dos aspetos mais relevantes e positivos da longa-metragem.
Em termos sonoros o filme é bastante bem desenvolvido. A banda sonora é habilidosa ao ponto de cortar monólogos e até diálogos. Pode dizer-se que a música caminha com a protagonista permanentemente. Os sons auxiliadores transmitem o pretendido, como medo, força e inquietação.
Concluindo, a história pode às vezes ameaçar resvalar para o vulgar cliché, embora não o seja. A forma como é apresentado não permite que seja assim categorizado.