Evento surge no seguimento da celebração do dia 25 de abril.
O debate “Mulheres de Abril” realizou-se esta segunda-feira, dia 26 de abril. Foi mais uma edição da rubrica “Academia à conversa” da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), em direto no Facebook. Contou com a presença de Irene Pimentel e Carmelinda Pereira, que discutiram a liberdade feminina consoante o 25 de abril.
O moderador e estudante de Direito, André Lima, introduziu a temática e deu a palavra a Irene Pimentel. A investigadora da Universidade Nova de Lisboa destacou o 25 de abril como uma “mudança para as mulheres”. Afirmou ser feminista desde sempre, lutando pela igualdade entre homens e mulheres. Realçou a importância da revolução face a uma atualidade política que considera preocupante. Segundo Irene Pimentel, trata-se de um dia que marca a “liberdade, igualdade, os valores da empatia, e uma sociedade melhor.”
Carmelinda Pereira, ex-deputada da Assembleia da República, entrou no debate a salientar que os jovens têm o dever de “retomar os valores e as conquistas da revolução”, com outros métodos e ferramentas. De acordo com a mesma, é necessário seguir-se com a revolução, dado que há “avanços e recuos” que têm de ser controlados.
O estudante de Direito continuou o debate a falar sobre a luta feminista face ao Estado Novo. Irene Pimentel referiu que a primeira grande conquista das mulheres portuguesas em relação ao Estado Novo foi a reforma do Código Civil. Enfatizou também o movimento de fuga de mulheres portuguesas, com filhos, dos bairros de lata durante a noite. Segundo a investigadora, as mulheres “sentiam as péssimas condições de habitação da família e dos filhos”. Carmelinda descreveu a vida das mulheres exploradas como “sufocante”, inserido numa “cultura retrógrada ultra-fascista”.
Irene Pimentel abordou depois a “luta clandestina” feita pelas mulheres durante o regime ditatorial. No caso de serem apanhadas, eram presas, “torturadas, chantageadas e insultadas”. A oradora referiu que após 1960, as mulheres começaram a ser torturadas como os homens, através de “espancamentos, tortura do sono, da estátua” e eram até despidas. Isto devia-se ao código civil. Foi dado o exemplo das enfermeiras de hospitais civis, que chegavam a ser proibidas de casar por verem homens nus.
Por sua vez, Carmelinda sublinhou o caminho que falta ainda percorrer. Apesar de, segundo a ex-deputada, ter sido alcançada liberdade face aos homens e liberdade sexual, continua a haver diferenças salariais no trabalho. Para se avançar na revolução, afirmou ser essencial “pegar nas conquistas da revolução e preservá-las”, combatendo pelos “direitos sociais e materiais”.
As oradoras terminaram o debate a reforçar que “tudo o que se conquistou pode ser retirado”, “pode haver recuos”. Fizeram um apelo à atenção dos jovens em relação à retirada de certos benefícios que tem vindo a acontecer.