Os oradores contam sobre como integram o minimalismo no seu dia a dia, procurando ser mais sustentáveis.

O evento “UMinho Sustentável: Talk Minimalismo” realizou-se esta quarta-feira, dia 22 de abril. Foi organizado pela Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), a UMdicas e a Society Loving The Planet Minho. A talk visava elucidar sobre o conceito de minimalismo, dando também dicas de como o aplicar no quotidiano.

Como oradores, contou-se com a presença de dois empreendedores entregues à causa. Ana Milhazes, fundadora do Movimento Lixo Zero e escritora do livro Vida Lixo Zero, apresentou uma visão mais geral, procurando explicar o minimalismo nas várias áreas em que este pode ser empregue. Já Gonçalo Cruz, fundador da The Travel Tool e criador do The Travel Tool Kit, focou-se mais na aplicação deste estilo de vida às viagens.

 Ambos os palestrantes começam por revelar um pouco da sua história com o movimento e sobre como este se tornou parte das suas vidas. Ana Milhazes confessa que, antes de o conhecer, era viciada em compras e acreditava que a falta de tempo e energia que sentia eram “falta de organização”. Percebeu, mais tarde, que eram na verdade “as coisas descartáveis” que a faziam infeliz. Descreve ainda o minimalismo como “viver com o essencial, aquilo que faz realmente felizes e eliminar o resto”. Denota que é um exercício pessoal de “descobrir o que é o principal e livrar do resto”.

Para ajudar a definir a causa, a oradora usa ainda uma frase de Robert Quillen: “Compramos coisas de que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de quem não gostamos”. Contudo define minimalismo como mais do que o “deixar ir” da “tralha física”. Defende que a “tralha mental” é desnecessária, e com isto refere-se às “cismas e medos”, “obrigações” e relações ou pessoas que não acrescentam nada. Na sua opinião, este estilo de vida proporciona, aos seus adeptos, mais tempo, qualidade de vida, poupança, satisfação, saúde e até mesmo felicidade.

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Já a experiência de Gonçalo Cruz é um pouco diferente. Este revela, em tom de brincadeira, que se tornou “minimalista por trauma”. Começa por contar que, quando pequeno, ao viajar com os pais via sempre a mãe “a stressar” por querer “levar a casa inteira” consigo. Isso, juntamente com um relacionamento com alguém “muito consumista”, acabou por servir como propulsor na sua busca de uma vida “mais simples”.

O palestrante salienta que “a viagem é muito mais a experiência” do que “aquilo que se leva às costas”, complementando com a ideia de que viajar é o que realmente o “faz feliz”. Ao perceber essa vocação para as viagens, todavia tendo em conta os fundos limitados, decidiu “ganhar dinheiro” ao desfazer-se “das coisas que tinha em casa e que eram desnecessárias”.

Gonçalo viaja, geralmente, com uma “mochila de escola” de 13 litros, mesmo em longos períodos de tempo como dois meses. A principal dica do orador é, portanto, a de procurar levar o mínimo de malas possível, pois “quando se sabe que o espaço é limitado”, não há a tentação de “levar tudo”.

Ambos os discursistas defendem também que “devia haver maior consciencialização ambiental nas escolas”. Pensam ainda que seria importante haver uma unidade curricular sobre o ambiente, desde pequenos até à universidade. Argumentam mesmo que “se ensinarmos assim às crianças”, elas não vão “conhecer outra realidade”.

Contudo, Ana Milhazes vai mais longe, declarando que crê que, embora as escolas procurem ensinar sobre “os animais, materiais recicláveis usados em trabalhos manuais e a importância dos oceanos”, não há uma “ligação à vida comum”. Deste modo, desmascara as incoerências dos professores que falam disto, pois muitas vezes “bebem água de garrafas de plástico descartáveis” ou “levam sandes embrulhadas em plástico”. As escolas que tratam estes temas “deviam instituir regras de controlo de plástico quanto às crianças”, informando também os pais para que possam contribuir.

Para além disso, a autora de Vida Lixo Zero alega ainda que não concorda com as “mensagens negativistas” muitas vezes associadas a este tipo de movimentos, tais como “temos de mudar já ou vamos todos morrer”. Ana Milhazes explica que “se deve fazer a mudança porque é algo agradável” e que não se deve apressar o processo, afinal “um hábito saudável leva a outro” e assim se atinge a “plenitude” que prega fazer parte do minimalismo.