"Mulheres na Política". Assim foi apelidado o evento onde Margarida Bolseiro Lopes, Ana Gomes, Leonor Dargent, Inês Sousa Real e Alma Rivera trataram a respetiva temática.

O HeforShe UMinho promoveu esta sexta-feira, dia 7 de maio, um espaço de conversa acerca da relevância do género, no atual panorama político. A iniciativa enquadrou-se num ciclo de conferências feministas que decorreram de 5 a 7 de maio. Transmitida em direto na página de Facebook, a mesa redonda contou com a presença de seis oradoras.

A revolução de 25 de abril de 1974 alterou a participação das mulheres na política portuguesa. Com a transição para a democracia, a lei eleitoral estabeleceu pela primeira vez a igualdade total dos géneros. Apesar do regime democrático estar quase a atingir as cinco décadas de existência, a realidade é que ainda se verifica uma sub-representação das mulheres nos cargos de representação política em Portugal, tanto eleitas como nomeadas. As oradoras admitem que se explica pela existência de uma discriminação encoberta e pela falta de tempo, energia e redes de socialização política disponíveis para as mulheres.

Ana Gomes, diplomata, embaixadora, eurodeputada e candidata a Presidente da República Portuguesa nas eleições 2021, admite que “a paridade é um elemento importantíssimo na composição de qualquer órgão”. É “essencial para atividade da democracia”, acrescenta ainda. Segundo a mesma, a “pressão social ainda é para que as mulheres não se cheguem à frente na política”, enfatiza, recordando a sua experiência, em que no início as condições eram ainda piores.

Margarida Balseiro Lopes, deputada na Assembleia da República pelo PSD, defende que os desafios encontrados atualmente não passam pelo acesso aos cargos, mas pela “resistência em ficar e permanecer”. As discriminações, hoje em dia, são na sua concessão “indiretas e subliminares”. Lembra que “é muito importante envolver também homens nesta discussão”, de forma a sensibilizar todos os atores sociais para alterar comportamentos.

Leonor Dargent, assessora jurídica parlamentar do deputado João Cotrim Figueiredo, diz que “a lei consagra a igualdade”. Atesta, então, que o problema está na prática. Declara que, apesar de não existir formalmente qualquer discriminação entre homens e mulheres, “não impede que, por razões culturais, económicas e sociais, de facto, se verifiquem”.

Inês Sousa Real, deputada na Assembleia da república pelo PAN, enfatiza que “as cotas tem sido uma alavanca usada para anular a ausência da participação das mulheres na vida política”, reconhecendo que existem muitos obstáculos com diversas origens.

Por sua vez, Alma Rivera, deputada na Assembleia da República pelo PCP, explica que “a luta das mulheres não é uma luta contra os homens”. “Em determinados momentos tem de ser feita contra alguns homens, mas é uma luta pela dignidade”, salvaguarda. Carateriza ainda a desigualdade salarial como “muito significativa”, havendo maior incidência de trabalhos precários para mulheres.

Marisa Matias, eurodeputada, candidata a presidente da República Portuguesa nas eleições 2021, não conseguiu estar presente no evento.