Com o objetivo de consciencializar a comunidade académica na questão das engenharias, a Hertech é uma rede de networking feminina criada por três estudantes e uma professora da Universidade do Minho.

A Hertech é uma júnior iniciativa que surgiu no âmbito de um projeto de mentoria, realizado pelas Portuguese Women in Tech. Carolina Pereira, aluna de Mestrado Integrado em Engenharia Têxtil e Filomena Soares, professora no departamento de Eletrónica Industrial da UMinho, ao participarem neste projeto e observarem um baixo número de mulheres na área das engenharias decidiram tentar “desenvolver algo que complementasse a Universidade do Minho”.

“Com a formação desta rede tivemos o propósito de desmistificar a ideia das engenharias para os alunos do ensino secundário e ajudar a formar os engenheiros do futuro”, declara ao ComUM Tatiana Guimarães, aluna de Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial. A ação desta rede foca-se no desenvolvimento de palestras, workshops, formações, voluntariado e ofertas de emprego. “Algo que também estamos a tentar realizar são programas de mentoria”, acrescenta Carolina Pereira. “Atividades geralmente viradas para as mulheres, mas também abertas aos dois géneros e a toda a comunidade, alunos ou não”, afirma Tatiana Guimarães.

Fundada em tempo de pandemia, esta não foi um entrave à criação da rede, por outro lado “acabou por ser uma alavancagem para que o projeto fosse criado”, reconhece a aluna de engenharia. “A pandemia fez com que acalmássemos com atividades que tínhamos em tempos normais e nos desse tempo para nos dedicar à criação e crescimento da rede”, acrescenta.

 

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Sendo então uma iniciativa recente, as oradoras relatam que há algumas coisas que gostariam de melhorar. “Gostávamos de conseguir chegar a ainda mais pessoas e de alcançar o público das ciências para além dos da engenharia”, começa Tatiana Guimarães. Para além dos pontos fracos da rede, as alunas mencionam os aspetos que “a tornam mais forte”, como a disparidade de gerações. “Ao termos tanto membros que estão no início do percurso académico como no final e também professoras é como uma força, porque conseguimos ver o progresso do papel da mulher nas engenharias e podemos ver o que temos de mudar, trazer de novo e aprender mais”, alega Laura Costa, aluna no curso de Engenharia Têxtil.

A discrepância entre os géneros nas engenharias são o grande mal que a Hertech quer combater. “Infelizmente, nos dias de hoje, ainda há uma grande diferença. Temos dados que mostram que a Escola de Engenharia da Universidade do Minho tem três cursos que são maioritariamente mulheres, outros sete que são maioritariamente homens e depois alguns cursos que já estão mais equilibrados e próximos do que é desejado”, enfatiza Tatiana Guimarães.

Hertech

Maria Francisca Barros/ ComUM

Laura Costa manifesta que os “comentários que ainda existem do dia a dia mostram que ainda se tem muito por onde pegar”. “Muitas destas discrepâncias têm a ver não só com o estigma social, mas também com o estigma dentro do próprio curso. Às vezes, por não sabermos o que cada curso realmente é, estes acabam por ter um certo estigma.”, acrescenta Carolina Pereira.

Para o futuro da Hertech, Carolina Pereira retrata um objetivo “contraditório e um bocado irrealista”, mas que gostava de ver cumprido. “Gostava que no futuro, a nossa rede, de certa forma, acabasse. Esta existe, pois, o problema existe e criou-se esta rede para combater esse problema. Então quando o problema acabar de existir, não fará sentido esta rede continuar. Era algo que acabava por cumprir com tudo o que idealizamos e fizemos”, remata.