A live foi partilhada no Facebook da Associação Académica da Universidade do Minho e a conversa moderada pela Vanessa Batista, jornalista da RUM.
No projeto “Academia à Conversa”, organizado pela AAUMinho, foi debatido o tema “A saúde mental dos estudantes-atletas”. Os convidados foram o estudante-atleta Josimar Pacheco-Cassamá e o psicólogo Filipe Ferreira. Um dos principais temas debatidos foi o impacto da pandemia na saúde mental.
Josimar Pacheco-Cassamá é estudante do quarto ano de Medicina na Universidade do Minho e jogador de basquetebol no Sport Clube de Braga. O atleta confessa que “foi difícil encontrar o equilíbrio mental durante a pandemia devido às perdas de rotina”. Como estudante de Medicina viu-se limitado, já que a componente hospitalar não foi atingida na sua globalidade, levando, assim, ao aumento da ansiedade. No entanto, Josimar revela que teve de se habituar. “É preciso ter este mindset. É uma adversidade, mas temos de estar preparados para a ultrapassar”, seja em equipa, seja como estudante. Defende ainda que “a saúde mental é a chave para nos sentirmos bem”.
Filipe Ferreira, psicólogo da equipa do Vitória de Guimarães sublinha que “ainda há muito tabu em relação ao trabalho psicoterapêutico” e que o seu trabalho é feito no sentido de desmistificar. “Uma consulta de psicologia é como ir ao ginásio. Não adianta ir apenas uma vez. É necessário refletir e conhecer o ‘eu’ interior” com o intuito de combater consequências da Covid-19, enfatiza. O profissional destaca que os três maiores alarmes nos jovens podem ser o stress pós-traumático, a ansiedade e a depressão intensificado pelas perdas das rotinas na pandemia.
No que diz respeito à ausência do público nos jogos, o psicólogo afirma que “em termos de espetáculo perde-se”. O atleta de basketball do SC Braga destaca que uma parte do jogo é a carga emocional e quando há público a atmosfera é diferente.
O tema do estatuto dos estudante-atleta também foi debatido. Josimar crê que “há sempre aspetos para melhorar nos estatutos”. “Ainda há muito caminho para percorrer. Ser estudante-atleta não é uma vida nada fácil de gerir. A própria instituição nem sempre tem sensibilidade para criar as melhores possibilidades para os atletas e estudantes ao mesmo tempo”, destaca o psicólogo. Acrescenta ainda que os estudantes-atletas “já são super-heróis a querer fazer duas coisas com excelência e ter que optar por um jogo ou por exame é muito difícil”.