A sessão ocorreu no dia 6 de maio de 2021, via online. O debate disponibilizou diferentes visões acerca da discriminação profissional.
O evento “Profissões com ou sem género” realizado, no âmbito das I Jornadas do HeForShe UM em parceria com a Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho (ADAUM), proporcionou uma conversa informal sobre profissões associadas a estereótipos de género. Este momento contou com a presença de Tânia Patrão, árbitra na Federação Portuguesa de Futebol, João Carreira, cabeleireiro há 17 anos, João Jesus, bailarino profissional de danças de salão latino-americanas, Marlene Santos, atleta de culturismo e Isabel Bue, comandante militar na Marinha.
O diálogo inicia com Tiago, moderador do mesmo, a questionar os oradores qual o motivo para estes terem seguido as profissões que têm atualmente. Tânia afirma que tudo surgiu de um “momento caricato” entre família. João Carreira sucede-a, referindo que “é muito apaixonado” por aquilo que faz, pelo que desde pequeno teve “tendência para ser cabeleireiro”. O ponto comum entre todos os intervenientes é esta paixão pelas suas ocupações. “Há 20 anos que estou cá e gosto muito do que faço”, destaca a comandante.
Relativamente ao respeito que estes profissionais sentem quando comparados com os seus colegas de géneros opostos, houve um consenso geral dado que todos sublinham que “entre colegas de profissão esse preconceito não acontece”. “A discriminação é da sociedade em si”, reforça a atleta culturista, sendo complementada pela jovem árbitra que enfatiza que “são as pequenas conquistas que fazem a diferença”.
A par destes comentários, Marlene e Tânia indicam que, inicialmente, é muito complicado gerir as observações que as pessoas fazem, pelo que a segunda considera que “é triste uma pessoa ter de se habituar” a estas, exaltando novamente que “o problema está na sociedade”.
A influência do estereótipo social de atribuir determinadas cores ou brinquedos a crianças de diferentes sexos revelou-se outro tema corrente ao longo da sessão. João Santos evidencia que este aspeto “não influencia absolutamente em nada”, sendo que “as crianças devem e podem brincar com tudo”. O cabeleireiro de Rio Maior realça que o importante é ser-se “únicos e autênticos” e que “devemos fazer o que queremos e gostamos”. Já a jovem federada em arbitragem diverge, assinalando que “têm mais peso a educação que os pais dão e a liberdade para tomarmos as nossas próprias escolhas”.
Relativamente à posição destas referências para os mais jovens, todos concordam que são essencialmente procurados para aconselharem, responderem a dúvidas e explicar os seus percursos. No entanto, há desafios inerentes a estas profissões e, por isso, os oradores adicionam ainda que é preciso “gostar muito” e tomar “muitos sacrifícios”.
Por fim, no que diz respeito ao que se pode fazer efetivamente para combater estes estereótipos nas escolas e jardins de infância, Tânia admite que a “escola limita bastante” os alunos para seguirem determinada profissão. A oficial da Marinha acrescenta que pensa que “o papel cabe não só à direção das escolas, mas também ao Ministério Público”.
Para consolidar as opiniões anteriores, João Jesus menciona que “as escolas incentivam os alunos a ter algum tipo de estereótipo”. Marlene Santos remata que “infelizmente isto é uma luta muito grande” a nível social, pelo que agradecer a estas ações como a que vivenciaram virtualmente, na passada quinta-feira, se torna essencial.