Not in Chronological Order ou NICO, lançado na passada sexta-feira 30 de abril, é o álbum de estreia da cantora e compositora americana Julia Michaels. Composto por 10 temas, símbolos dos distintos capítulos da sua vida, a cantora abre o coração e a mente para os desafios enfrentados no dia-a-dia.

Após o lançamento do single de estreia, “Issues”, em 2017, seguido de três extended plays (EP), surge em 2021 Not in Chronological Order, um álbum que destaca as inúmeras facetas de Julia Michaels. Desde o lirismo inteligente e pessoal ao sentido de humor atrevido, a cantora examina cada parte do seu coração através de uma grande sinceridade e abertura sobre a vida, o amor e tudo o que existe entre estes. O álbum conta com a equipa de produção e composição The Monsters & Strangerz e, ainda, com o cantor, compositor e também namorado de Julia, JP Saxe.

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“All Your Exes” é um tema extremamente acústico e pessoal que relata o histórico de relacionamentos da cantora dando ênfase, na mensagem que apela, contra todos os ex-namorados que existem. Na bridge, há um crescimento gradual com os sintetizadores e o ambiente criado. Uma paragem súbita no refrão faz mudar totalmente o rumo do tema: estamos agora num ambiente mais rock, rebelde e impactante.

“Love Is Weird” é, liricamente, o oposto do single anterior em que há um desejo enorme em ver todos os “ex´s” fora deste mundo. A nova faixa começa com um dedilhado muito agradável e efeitos espaciais, um pouco como o primeiro tema, mas fala sobre o amor e como ele é estranho, como vai e vem. É uma confissão acerca dos momentos bons e maus que este lhe trouxe e as memórias que ficam, “Tattoos on my arm / Still scared of forever / Keep my ex’s letters / In the third door of my dresser”.

“Pessimist” destaca em alto e bom som a personalidade de Julia. Uma batida muito ritmada, cativante e um refrão com harmonias bastante compostas e viciantes. O tema é uma espécie de demonstração de quem ela era e é após ter conhecido certa pessoa. Nesta, a cantora agradece-lhe por a ter ajudado a desconstruir o seu lado pessimista e a trazer ao de cima um outro “eu”.

“Little Did I Know”, mais no estilo de balada, é bastante intimista e fala sobre o arrependimento de não ter encontrado mais cedo alguém que a poupasse da aprendizagem do sofrimento. Uma música poderosa que deixa bem visível uma lágrima no canto do olho.

“Orange Magic” e “Wrapped Around” trazem toda uma agitação e sensação de pista de dança. A primeira remete para os estilos musicais da década de 80 e exprime a forma como se apaixonou tão intensamente. “Wrapped Around”, em continuação, tem como destinatário alguém que a magoou. Retrata um jogo no sentido em que ele a trocou e agora é ele a vê-la com outra pessoa, “leave it to me to put you in your place/ a dose of your own medicine/ how’s that taste?”. Uma jogada envenenada e brincalhona, sem rodeios.

“Lie Like This”, lançada já em 2020, e “Undertone” continuam a seguir a base do álbum no estilo mais dance e synth-pop. Em contraste surgem “History” e “That’s the Kind of Woman”, pelo toque mais de balada. “History” é, provavelmente, a música mais distinta melodicamente pelos traços mais secos e simples que são usados. A simplicidade aqui é forte. “That’s the Kind of Woman”, último tema do álbum é também melancolicamente nostálgica e poderosa.

Not in Chronological Order destaca-se dos restantes projetos de Julia pelo lado mais teatral e diversificado. Um álbum pop com um bom toque de Art Deco e New Wave, remetentes dos anos 80 em que se presenciam momentos mais intimistas e pessoais de conexão entre o ouvinte e Julia Michaels.