Os Mitchell Contra as Máquinas estreou em abril. Com um toque de humor e aventura, o filme de animação de ficção científica e comédia, produzido pela Sony Pictures Animation e comprado pela Netflix, revelou-se num estrondoso sucesso.
O enredo decorre à volta da família Mitchell. Quando Katie Mitchell é aceite na universidade de cinema que tanto desejara, o seu pai Rick aproveita este importante marco para realizar uma viagem em família, com o intuito de levar Katie à universidade. Contudo, durante a viagem, esta família disfuncional depara-se com um apocalipse de robôs, levando-os a trabalhar em conjunto para salvar a humanidade.
O argumento descreve cenas já bastante conhecidas pelos espetadores. Desde a revolta das máquinas até ao tópico de famílias disfuncionais, onde os filhos não são compreendidos pelos pais e os seus sonhos são ignorados por completo. É o caso da Katie cujos pais não aceitam o seu sonho de ser cineasta.
Apesar da narrativa se basear em temas bastante comuns, os realizadores conseguiram bem retratar todos os assuntos de forma que a história não se tornasse nem confusa nem entediante. Os problemas familiares passam para segundo plano e a comédia ocupa o palco. A produção desta longa-metragem foi claramente inspirada na franquia de filmes O Exterminador do Futuro (1985), nos quais as máquinas se revoltam e são encaradas como as vilãs da história.
Muitas vezes por serem obras cinematográficas de animação, as pessoas deixam de lado a possibilidade de o filme ter uma mensagem por trás. Neste caso, Os Mitchell Contra as Máquinas, de forma simples e engraçada, consegue retratar a constante evolução tecnológica a que o mundo está sujeito. Adicionalmente, expõe o progresso que ocorre desde o momento em que a inteligência artificial era tratada como uma aliada dos homens até ao momento em que se tornou num dos seus principais inimigos.
Além disso, a crítica à sociedade contemporânea é extremamente direta. A diferença entre as novas gerações, que sentem a necessidade de estar constantemente em contacto com as tecnologias, e as antigas gerações, que não têm interesse e que acreditam que o que está relacionado com o eletrónico é uma perda de tempo, são bem visíveis. Para além disso, o filme critica a falta de privacidade dos dados dos usuários e como tudo à nossa volta tem um toque tecnológico.
Apesar da narrativa se centrar na relação problemática do pai e da filha, o roteiro aprofunda a história de todas as personagens. Deste modo, permite ao espetador criar laços com todas as figuras de animação e identificar-se com as mesmas.
Em conclusão, a obra cinematográfica apesar de ter quase duas horas de duração nunca se torna cansativa. A animação é muito realista, levando as personagens a parecer quase humanos.
Título original: The Mitchells vs the Machines
Realização: Mike Rianda
Argumento: Mike Rianda, jeff Rowe
Elenco: Abbi Jacobson, Danny McBride, Maya Rudolph, Mike Rianda
EUA
2021