O mais recente drama e thriller de ficção científica estreou na Netflix a 22 de abril de 2021. Passageiro Acidental conta a história de uma missão a Marte, onde três astronautas se deparam com uma surpresa que põe em perigo toda a missão. O drama conta as primeiras horas da missão e todos os esforços feitos para não abandonar nenhum passageiro.

Zoe Levenson (Anna Kendrick) é uma investigadora médica que embarca pela primeira vez numa aventura espacial que nunca pensou ser possível. David Kim (Daniel Dae Kim) é um biólogo que durante toda a vida trabalhou na pesquisa de organismo capazes de gerar oxigénio em Marte. Marina Barnett (Toni Collete) é uma veterana das viagens espaciais e comandante desta missão, que considera uma das mais importantes da sua vida. Michael Adams é o quarto passageiro, estudante de engenharia que não sabe como chegou a bordo, mas que compromete toda a operação.

A obra cinematográfica inicia com um discurso de Zoe, com o qual esta conta um pouco a sua história e como seria “uma história engraçada ser rejeitada pela Hyperion”. Aqui já há um pouco do levantar do véu em relação ao final da história.

A viagem inicia como planeado e tudo corre na perfeição até chegarem ao ponto intermédio da viagem total que terá a duração de dois anos. Assim que aterram na plataforma, iniciam os trabalhos individuais e decisivos para a chegada a Marte. Zoe prepara o equipamento médico e organiza os quartos, David começa a tratar das plantas e organiza o laboratório e Marina começa a revistar todos os equipamentos. Nessa tarefa, chega a um local da nave que é crucial ao funcionamento da mesma e percebe que algo não está certo quando vê sangue no chão. A chegada do novo tripulante rapidamente se torna um problema maior, uma vez que, além da falta de mantimentos, também acontece um problema com o oxigénio.

O filme reside, assim, no dilema moral sobre o que podem fazer para conseguirem sobreviver os quatro. Durante a uma hora e 56 minutos são apresentadas várias soluções, inclusive escolher um deles para “abandonar” a nave. A banda sonora acompanha os momentos de tensão e suspense, apesar de extremamente raros e leves, que não chegam a colocar o público a temer o que acontecerá a seguir. Zoe dá o mote para o objetivo do filme, “mas agora eu percebo que esta é uma daquelas raras oportunidades que podem realmente dar à minha vida um significado além de qualquer coisa que eu possa imaginar”.

A prestação dos atores é boa, mas não é algo fora do comum, deixando muito a desejar e sem dúvida com o gosto agridoce do que poderia ter sido um êxito de bilheteiras. As cores da longa-metragem e, consequentemente, a fotografia são rudimentares. Além disso, não se distanciam muito do banal cinzento, branco, preto, por vezes amarelo e verde para contrastar, mas com uma palete simples e fria.

O diretor, Joe Penna, já é conhecido por realizar filmes de suspense e thriller psicológico. No entanto, esta obra não é, de todo, uma das melhores do diretor. A narrativa é parada e não há momentos de tirar o fôlego, nem mesmo os de mais tensão conseguem chegar ao espectador da maneira que deveriam chegar neste tipo de longas-metragens.

Apesar de não se saber o fim da história, ou seja, de ser uma narrativa aberta, não há aquele sentimento de procurar saber o que aconteceu. Há simplesmente um sentimento de indiferença com o final.  Uma desilusão para os amantes do estilo cinematográfico.