Os membros dos Artic Monkeys tinham cerca de 20 anos quando lançaram Favourite Worst Nightmare. Nesta idade, encontra-se a independência, mas também bastantes responsabilidades, é por isso que neste projeto, lançado em abril de 2007, se viaja pelos sentimentos contrários que surgem e pelas dicotomias que se atravessam na vida pessoal.
As 12 faixas do álbum parecem mais pela intensidade com que são tocadas. São, na maioria curtas, mas nada monótonas. Como tal, a primeira faixa e single, “Brianstorm”, é algo fora do normal. O nome assemelhar-se a “brainstorm” não é uma coincidência. Brian é o nome de um fã demasiado dedicado, que pela descrição dos Artic Monkeys tem uma personalidade tempestuosa. A tempestade é enfatizada pela guitarra, também frenética.
Em semelhança à anterior, “Teddy Picker” é também muito acelerada, aproximando-se mais do rock. É mais cantada e segue uma estrutura mais organizada. O tema principal é o desejo pela fama que muitos querem, mas que rapidamente se arrependem de terem seguido esse caminho graças aos maus hábitos que se criam.
A terceira faixa ajudou a dar o nome ao álbum. “D Is For Dangerous” leva-nos por uma experiência de amar alguém que é problemático, daí o “favorite worst nightmare”. Até agora, as músicas são cantadas à base do rock clássico. A partir daqui começa-se a ouvir sons mais diferentes. Por exemplo, com “Balaclava” surge um rock mais alternativo.
Apesar de não ser nenhum single, “Fluorescent Adolescent” é das faixas mais conhecidas da banda. Está presente uma forte dicotomia sobre os hábitos que mudam com o crescimento, como ir para a cama cedo em vez de sair à noite até à madrugada. A música tem mais apontamentos Indie. Embora seja um tema mais triste e quase depressivo, fica no ouvido e não temos a noção daquilo que Alex Turner canta até ouvirmos com atenção.
Depois da animação da música anterior, “Only Ones Who Know” tem um início bem melancólico. Inicia com a guitarra e depois entra a voz de Alex Turner como que ouvida através de um megafone, ao invés de soar mais clara. Não se ouve a participação de nenhum outro instrumento ou vozes adicionais, pelo que ajuda a transmitir a ideia mais melancólica de uma despedida de um casal que já se amou. O ambiente melancólico prolonga-se para “Do Me A Favour”. No entanto, é mais agitada com uma bateria mais inquietante. Perto do fim, há um crescendo nesta inquietação tanto da guitarra como da bateria.
“This House Is A Circus” é a faixa preferida de Alex Turner. É das mais ambiciosas do conjunto por ser de Rock mais clássico, algo a que o grupo não estava tão habituado. Fala sobre como a vida de músico pode ser degradante por estarem sempre em festas. Conta com várias alterações nos arranjos musicais e diversos elementos e vozes adicionais.
A comunicação social não tem uma boa imagem aos olhos de Alex Turner. “If You Were There, Beware” conta como os jornalistas e paparazzi perseguiram uma das ex-namoradas de Alex Turner. Retornamos ao rock alternativo, contudo no período instrumental a meio da música ouvimos uma peça bastante pesada de rock. Como forma de prolongar a agitação, ouve-se “The Bad Thing”, uma mistura de pop rock sobre a traição.
“Old Yellow Bricks” é uma aproximação de Dorothy do filme O Feiticeiro de Oz (1939) aos jovens. A inquietação dá vontade de ir viver para uma cidade distante que nos dê sono eterno. O rock alternativo volta para representar o sentimento de querer fugir sem saber do quê.
A fechar, surge “505”, também das mais ouvidas da banda. É, na perspetiva dos Artic Monkeys, a única canção de amor decente produzida até à altura. Cria-se um ambiente intimista com o início protagonizado pelo órgão, contudo ouvimos uma explosão de rock que pode simbolizar a tensão e a paixão sentida entre duas pessoas. Depois de tantos temas negativos e críticas à sociedade, terminar com esta música cheia de sentimento foi uma ótima escolha por parte do grupo.
Ouvir Artic Monkeys é sempre uma experiência. Apresentam temas carregados de emoção e verdade. Há que elogiar Alex Turner pela composição de grande parte das músicas, pois Favourite Worst Nightmare é realmente uma viagem por retratos da realidade da sociedade da altura e dos jovens que constantemente se deparam com sentimentos dicotómicos.
Favourite Worst Nightmare, apesar de ser o segundo álbum, foi o projeto que lançou Artic Monkeys, ainda muito jovens. A prova disso é a existência de faixas como “Flourescent Adolescent” e “505”, que com certeza já todos ouvimos e ainda protagonizam covers no YouTube.
Álbum: Favourite Worst Nightmare
Artista: Artic Monkeys
Editora: Domino Recording Company
Data de Lançamento: 23 de abril de 2007



