Em junho erguem-se orgulhosamente bandeiras arco-íris pelas ruas. É o mês da cor, o mês em o mundo se une em prol do amor. No sexto mês do ano, celebram-se os direitos e a busca de igualdade para os membros da comunidade LGBTQIA+. O mês do Orgulho é sinónimo de união, força, tolerância, resiliência e festeja tudo aquilo que já foi alcançado, sem nunca esquecer o longo caminho que ainda nos resta pela frente. Os membros do ComUM selecionaram algumas produções para honrar a comunidade LGBTQIA+.

Cinema

Love, Victor (2020-) – Depois do sucesso do filme Love, Simon (2018), estreou-se em 2020, a série Love, Victor. A série baseia-se no mesmo universo filme, mas foca-se no jovem Victor. Victor é, aparentemente, um jovem heterossexual que acaba de chegar a Escola Secundária de Creekwood. Contudo, ao conhecer Benji, um rapaz atrativo e homossexual, as dúvidas sobre a sua sexualidade surgem na sua cabeça. Assim, esta história segue as dificuldades que surgem quando os adolescentes confrontam a sua sexualidade, a vida social e as relações com a família (Título Original: Love, Victor).

Queer Eye (2018-) – O reboot do antigo show da Bravo Queer Eye for the Straight Guy (2003) pela Netflix foi lançado a 7 de fevereiro de 2018. Com um novo Fab Five, especialistas em áreas de gastronomia, moda, design, cultura e self-care, ajudam os concorrentes a melhorar a sua vida com grandes makeovers. Este renascido programa manteve o seu charme e diversão e ainda acrescenta aborda temas de importância social como a homofobia e o racismo. Com uma perspetiva diferente Queer Eye destaca-se da imensidão de shows de transformações com o seu fenomenal elenco e visão (Título Original: Queer Eye).

Com Amor, Simon (2018) – A obra cinematográfica é um filme simples, no entanto, bastante intrigante. Simon, o protagonista, começa uma conversa online com aquele que pode ser o amor da sua vida, Blue. Com a conversa, surgem também ponderações e dúvidas sobre aquilo que é a sua sexualidade, a sua vida e o seu futuro. Embora a intriga seja clara, a complexidade por detrás do tema principal deste drama confere ao filme uma função bastante crucial e educacional para a sociedade atual. A obra retrata a adolescência de um rapaz homossexual, as inseguranças e pressões que sente por pertencer a sociedade ainda marcada por conservadorismos. Com Amor, Simon é um filme de amor, de traição, de redenção e fragilidade humana (Título Original: Love, Simon).

Orações para Bobby (2009) – Nele vemos a história de Bobby (Ryan Kelley) que cresce nos subúrbios conservadores do interior dos Estados Unidos. A sua família tem Mary (Sigourney Weaver) como matriarca. Mary trata-se de uma mulher que, apesar de amar imenso a sua família, não consegue deixar de lado as suas crenças e preconceitos, reforçados pela religião que segue. Quando começam a surgir suspeitas de que Bobby pode ser homossexual, os pais lutam contra isso e forçam uma mudança de rumo na vida do jovem. Pressionado pelos pais enquanto luta com o ódio interior, Bobby acaba por dar término à própria vida. Orações para Bobby conta a história de muitos. Consequentemente, a dramatização deste conto é baseada em vidas reais e lembra-nos o que significa Pride (Título Original: Prayers for Bobby).

Glee (2009-2015) – A série de seis temporadas segue o quotidiano de um grupo de jovens que não se encaixavam nos grupos “padrões” de um grupo coral. Glee destacou-se pela sua diversidade e por retratar algumas das realidades vividas por membros da comunidade LGBTQ+. A séria apresenta-nos personagens como Kurt, que sofreu bullying, ou como a Santana, que escondia quem verdadeiramente era com medo da opinião dos outros, ou como a Unique, que sofria por nunca ser aceite como a mulher que era. Numa época em que estes problemas não tinham tanta atenção, esta série ajudou muitos jovens a sentirem-se aceites e confiantes porque foram “born this way” (Título Original: Glee).

Literatura

Editora: TopSeller

No Final, Morrem os Dois (2017) – O livro apresenta-nos o último dia de Mateo e de Rufus. Os dois jovens rebem, separadamente, a notícia de que vão morrer dentro de 24 horas. Com esta notícia, ambos anseiam por conhecer alguém no tempo que lhes resta. Consequentemente, o leitor percorre assim os últimos momentos de vida de Mateo e Rufus, acedendo às suas inseguranças, medos e felicidades. Além disso, a obra apresenta ao leitor temas como a homossexualidade, o amor, a amizade, a diversidade, o destino e obriga-o a ponderar sobre aquilo que está na base de cada vida (Título Original: They Both Die at the End).

Editora: Mariner Books

Under the Udala Trees (2015) – A obra conta-nos, a partir da voz da sua protagonista, a história de Ijeoma, uma menina que cresceu numa Nigéria destruída pela guerra civil. Numa sociedade com crenças culturais muito demarcadas, Ijeoma depara-se com dúvidas sobre a sua sexualidade. Perante todas as tentativas em desvirtuá-la da sua orientação sexual, Ijeoma tenta cumprir com as expectativas da sua mãe. Desta forma, abandona as suas vontades e tenta conformar-se com a infelicidade. Mais tarde, liberta-se das amarras que a prendem. No entanto, sempre condicionada por um secretismo necessário (Título Original: Under the Udala Trees).

Editora: Editora Seguinte

Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo (2012) – A obra de Benjamin Alire Sáenz corresponde a um livro de autodescoberta. O livro percorre a amizade entre dois adolescentes mexicano-americanos, Aristotle Mendoza e Dante Quintana, uma relação pautada por lutas de identidade racial e de orientação sexual. A vontade de viver o mundo e o medo constante de como este reagirá. Por entre a partilha de “livros, pensamentos, sonhos, risadas”, “começam a redefinir os seus próprios mundos”. Desta forma, “descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo”. (Título Original: Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe)

Editora: ASA

Will e Will, Um nome, Um Destino (2010) – A obra é um dos livros mais carismáticos que todos os leitores terão oportunidade de ler. O drama adolescente segue a vida de dois rapazes que partilham o nome Will Grayson. O Will Grayson 1 vive extremamente deprimido e num conflito interno com a sua sexualidade, por outro lado, O Will Grayson 2 é homossexual e vive igualmente deprimido, após o abandono do seu pai. Numa noite fria de Chicago os adolescentes cruzam-se e as suas vidas mudam para sempre. O livro é tocante de início ao fim, mas sempre com uma pitada de diversão e originalidade. John Green e David Levithan escreveram-no em coautoria e cada um dos autores ficou responsável por um Will, o que contribuiu para uma experiência mais completa (Título Original: Will & Will).

Editora: Porto Editora

A Rapariga Dinamarquesa (2000) – O livro de David Ebershoff é um romance centrado em dois artistas, Einar e Gerda Wegener. A pedido de Gerda, Einar veste-se de mulher para auxiliar a esposa a finalizar uma das suas pinturas inacabadas. Tomado por este pequeno ato, Einar ganha balanço e coragem para mudar a sua aparência. Assim, descobre em si uma identidade até então desconhecida e assume-se como Lili Elbe. Com a decisão convicta de fazer a transição, conta com o apoio da mulher e avança para a parte cirúrgica, onde se submeterá a uma cirurgia de redesignação sexual. É nestes moldes que se inicia uma história de amor invulgar e quase real, marcada no século XX (Título Original: The Danish Girl).

Música

Beautiful (2002)- A voz poderosa de Christina Aguilera não deixa ninguém indiferente, ainda mais quando nos canta sobre amor próprio e aceitação de um mesmo tal e qual como se é. O tema “Beautiful” atingiu o número 2 no Hot 100 da Billboard e a cantora recebeu um GLAAD Media Award pelo videoclipe, que retrata um casal gay e uma pessoa transgénero.

Born This Way (2011)- “Born This Way” foi lançada em 2011 e marcou para sempre a comunidade LGBTQI+. O “hino dos marginalizados” chama à liberdade dos gays, hetero, bi, lésbicas e trans. Desde o seu lançamento, esta canção é muitas vezes nomeada o hino da comunidade, um som de união onde todos podem ser eles mesmos. A música começa com “não importa se o amas a ele, ou a E-L-E“, servindo de crítica à distância entre os movimentos de Pride e a Igreja. Em termos sonoros, “Born This Way” é uma produção electropop/dance-pop com influências de dark-pop e invocando ainda uma energia crua e rebelde de rock. Seja como for, a liberdade que se sente a ouvir esta batida é contagiante.

I’m Coming Out (1980)- Lançada em 1980, a composição de Diana Ross frisa, com entusiasmo, a “saída do armário”. O termo, recorrente na sociedade contemporânea, exprime o momento em que alguém anuncia a sua orientação sexual ou de identidade de género. Pelo seu caráter maioritariamente voluntário, a ação é vista como um ato de libertação. Sendo assim, não nos surpreende a euforia da artista. Da repetição constante da palavra, Diana Ross chega a afirmar “Estou a espalhar o amor / Não há nada a recear / E eu sinto-me tão bem / Todas as vezes que ouço / Estou a sair do armário”. Já reconhecida como um ícone da comunidade LGBTQIA +, Diana Ross presenteou o mundo com mais uma música para abanar o capacete e, para muitos, considerada o hino da diversidade.

Secret Love Song pt. II(2015)- Desde o seu lançamento, a faixa é um hino para a comunidade LGBTQIA + por celebrar o desejo de expressar o amor livremente em público. Inclui versos como “Porque não posso dizer que estou apaixonada? / Quero gritá-los desde o topo dos telhados / Porque é que não pode ser assim?”. Secret Love Song pt. II integra a versão deluxe do álbum Get Weird, das Little Mix. A primeira parte da música, Secret Love Song, é uma colaboração com Jason Derulo, contudo esta não é inspirada na comunidade gay.

Vogue (1990) – Lançado a 27 de Março de 1990 foi primeiro single do álbum Breathless de Madonna. Inspirado na dança com o mesmo nome – Vogue – proveniente da Ballroom Scene tornou-se num dos maiores sucessos da cantora. Uma música animada com influências house e disco Madonna apela que o ouvinte se liberte e se deixe levar pelo ritmo da música soltando-se das preocupações. Vogue representa a cultura queer da melhor forma – espaço de expressão própria com a celebração das diferenças. É assim uma canção intemporal e um marco na indústria musical.

 

Artigo por Ana Margarida Alves, Bruna Sousa, Clara Martins, Daniela Pinto, João Ângelo, João Sousa, João da Silva, Maria de Pinto Freitas, Patrícia Bessa, Patrícia Silva