Como forma de assinalar a data, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) lançou o slogan “Dê sangue e mantenha o mundo a pulsar”.
O Dia Mundial do Dador de Sangue comemora-se esta segunda-feira, dia 14 de junho. Em entrevista ao ComUM, António Marques, diretor do Serviço de Imunohemoterapia do Hospital de Braga considera que é fundamental continuar a sensibilizar a sociedade para a causa, pois “não há nada que substitua o sangue”.
Questionado sobre a importância do dador de sangue na atualidade, António Marques afirma que as dádivas de sangue são indispensáveis em “vários tratamentos, situações de hemorragia grave e cirurgias”. Considera ainda que é seguro dar sangue em tempos de pandemia, pois “o risco [de infeção] é praticamente nulo”. Garante que no Banco de Sangue de Braga, situado no interior do Hospital de Braga, são salvaguardadas todas as condições de higiene e trabalho.
O diretor refere igualmente que, durante o confinamento, houve uma diminuição do número de dádivas de sangue, mas que “no Hospital de Braga não se sentiu muito”. Em relação ao resto do país, revela que “houve algumas quebras, mas que foram rapidamente resolvidas”, pois “as pessoas continuaram a dar sangue e a prestar a sua dádiva”.
Relativamente ao envolvimento da sociedade na causa, António Marques considera que “as pessoas estão sensibilizadas, mas deve-se continuar a alertar para esta situação”. Apesar de haver um equilíbrio entre o número de dádivas e a quantidade de sangue necessária para dar resposta às exigências hospitalares, o diretor afirma que esta situação pode facilmente mudar. “Se tivermos dois ou três acidentes graves ao mesmo tempo no país, vamos ter falta de sangue”, exemplifica António Marques.
“Hoje temos sangue, mas amanhã podemos não ter”
António Marques
No que diz respeito ao público mais jovem, nomeadamente a faixa etária dos 18-24, constata que “é um grupo que precisa de mais alguma sensibilização”. A contribuição deste grupo é “bastante menor” em relação ao grupo etário dos 25 aos 45 anos, que “é o que dá mais sangue”.
Em relação à situação do banco de sangue e do Hospital de Braga, António Marques assegura que “neste momento a quantidade de sangue doado corresponde às necessidades do hospital”, garantindo que “o sangue não é desperdiçado”. Acrescenta ainda que “embora tenha ocorrido [no período do confinamento] uma quebra das dádivas, houve também uma quebra de cirurgias”, mantendo assim o equilíbrio entre o sangue que é doado e o que é necessitado.
O Diretor do Serviço de Imunohemoterapia termina com um apelo: “as pessoas devem continuar a dar sangue”. Constata que “durante o mês de agosto é costume haver mais acidentes” e que por esta razão “é importante lembrar que é preciso continuar a dar sangue”.
O ComUM recolheu também o testemunho de uma estudante da Universidade do Minho, que é dadora habitual de sangue. Chama-se Joana Silva e tem 19 anos. A estudante revela que é dadora “há quase dois anos”, tendo feito a primeira dádiva no dia em que completou 18 anos. Refere que começou a dar sangue com o objetivo de “ajudar outras pessoas de uma maneira simples e sem ser necessário muito tempo”.
Como conselho a quem ainda não realizou a primeira dádiva, Joana Silva afirma que “em primeiro lugar, as pessoas se devem informar relativamente a este assunto”. No entanto, confessa que “a dádiva é um processo relativamente rápido e indolor” e que no final “fica-se com um sentimento de dever cumprido”.