Voz e Violão é o novo álbum musical de António Zambujo e foi lançado dia 23 de abril. É um regresso do músico à sua essência e pacificidade, através da voz e de seis cordas. Com letras de vários autores, prende a atenção do ouvinte pela versatilidade aliada a toda a simplicidade do disco.

O álbum foi composto durante o confinamento, o tempo em que o artista deixou de atuar. Aborda o amor e a falta dele e, sobretudo, a solidão em 13 temas. É marcado pela simplicidade sonora, mas as músicas distinguem-se pelas letras e pelos idiomas: português, castelhano e inglês.

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A inspiração para o trabalho veio do disco João Voz e Violão, de João Gilberto, editado em 1999. Assim, acaba por ter alguma influência e marca brasileira. Mesmo assim, Zambujo consegue fundir de forma subtil a inspiração com o seu estilo próprio, juntando a música brasileira com o Cante Alentejano e o Fado.

Apesar de ter apenas voz e guitarra, é um disco espontâneo e íntimo. Valoriza o silêncio e o poder das palavras. É o exemplo da “Pião de Corda”, que reflete a solidão sem filtros. Numa sonoridade sem grandes oscilações de intensidade, foge da solidão através do sonho. O mundo surge como um pião sustentado por um fio que gira faça sol ou faça chuva.

O tema “Tu me acostumbraste” chega ao ouvinte pela intimidade da letra. Na verdade, o especial desta música é a junção extremamente bonita do som e da letra, dado que se encaixam perfeitamente. Num ritmo calmo, a voz reflete o sofrimento e o desabafo triste feito pelo músico.

O trabalho musical conta com outras grandes letras escritas por Maria do Rosário Pedreira, Pedro Da Silva Martins, Agir, João Monge, Ray Evans, Caetano Veloso, Artur Ribeiro e até uma letra popular. Destaco a “Lote B”, o primeiro tema do disco, visto que tem uma grande complexidade de emoções fortemente ligada a uma simplicidade literária e sonora.

O que torna o álbum especial é todo o conjunto musical criado pelo artista. Teve a capacidade de apenas com voz e guitarra atingir uma delicadeza diversificada, mas que se une pelo sossego e pela estética musical. Aquilo que mais distingue este álbum dos restantes e o identifica é o timbre de Zambujo, que consegue tornar uma música pouco complexa em algo muito singular.

Assim, regressando à sua pacificidade e tranquilidade, António Zambujo cria um leque de temas baseados na simplicidade fundida com a elegância musical típica do músico, abraçada pelo seu timbre tão único e característico.