A 13 de junho de 2009, o filme Hachiko – Amigo para Sempre de Lasse Hallström estreou nos Estados Unidos. Mais tarde, a 30 de setembro de 2010, começou a ser exibido em Portugal. Esta história emocionante é baseada na amizade verídica entre o cão japonês de raça Akita, Hachiko, nascido em Odate, no Japão e o seu respetivo dono. A relação de ambos e o comportamento de Hachiko comoveram o mundo, em particular, o povo Japonês. No Japão, foi erguida uma estátua de bronze em frente à estação Shibuya, local de encontro entre os dois, em homenagem ao fiel cão.
Esta obra cinematográfica principia com Parker Wilson (Richard Gere), um professor universitário, que ao regressar do trabalho, encontra um cão perdido com o nome “Hachi” inscrito na sua coleira. Sem saber o que fazer e não querendo deixar o cão, que aparentava ter nascido há pouco tempo, decide levá-lo para sua casa, fornecendo-lhe abrigo. Apesar de prometer à sua mulher Cate (Joan Allen) que em breve encontraria casa para Hachi, por esta não ter interesse em animais, não consegue evitar apegar-se a ele.
A partir daqui, surge um extraordinário companheirismo entre eles, como se de uma amizade entre seres humanos se tratasse. Todos os dias, Hachi ia buscar Parker à estação de comboios, na hora exata que este chegava do trabalho, esperando à porta pelo regresso do seu dono. Com a progressão da história, assistimos ao crescimento de ambos e ao conjunto de mudanças nas vidas que rodeiam o protagonista e na do próprio. Contudo, a amizade de Wilson com o ser canino nunca muda, permanece inerte e cada vez mais forte.
Hachiko – Amigo para Sempre, não é um filme de grandes reviravoltas nem mistérios. Assim, o enredo é bastante simples. Dessa forma, talvez acabe até por ser um pouco previsível, interpretado por um elenco reduzido. No entanto, em nenhum instante nos sentimos desligados do rumo dos acontecimentos. A longa-metragem incorpora um argumento enternecedor que nos leva a refletir sobre a importância das pequenas coisas e das relações sinceras e genuínas. A obra cinematográfica ensina-nos o verdadeiro significado de amizade e lealdade e faz-nos entender que o amor está longe de ser linear. Este sentimento pode aparecer revestido das mais diversas formas e escondido nos mais pequeninos atos, quando menos esperamos. Por outro lado, obriga-nos a encarar a fugacidade da vida e dos seus bonitos momentos.
Quanto à banda sonora, esta parece acompanhar perfeitamente os fragmentos do filme. Num certo ponto da obra cinematográfica, onde um acontecimento marcante altera o rumo da narrativa, a música traduz perfeitamente a melancolia instalada e o sofrimento patente. Aqui, sentimo-nos embebidos pelo seu tom mais sereno que passa a contar a história, isenta de diálogo. O som torna-se prioridade e dança com a imagem num culminar de emoção. Neste contexto, a câmara e os planos assumem uma posição vital na transfiguração dos sentimentos, especialmente de um cão desprovido de voz. Mesmo assim, conseguimos ler facilmente no seu olhar, com a ajuda dos Grandes Planos e dos Planos de Pormenor, tudo o que aparenta sentir.
Esta esplêndida longa-metragem encaixa perfeitamente numa tarde em família, recomendada para todos que têm um membro de quatro patas na família. Sem embargo, mesmo que o tema principal seja a ligação entre um dono e o seu cão, acredito que este argumento intemporal tocará a todos.
Título Original: Hachi: A Dog’s Tale
Realização: Lasse Hallström
Argumento: Stephen P. Lindsey, Kaneto Shindô
Elenco: Richard Gere, Joan Allen, Sarah Roemer, Jason Alexander
EUA
2009