Há um nome que tem crescido no mundo do R&B. H.E.R consegue aliar ritmos mais antigos com novas sonoridades. A 18 de junho presentou-nos com o lançamento de Back Of My Mind, o primeiro álbum de estúdio, que definitivamente marca uma posição. Canta sobre sentimentos muito pessoais e íntimos, muitas vezes acompanhada de outros artistas.
Com certeza que para chegar a este resultado foi necessário muito esforço. Este aspeto está enfatizado em “We Made It”. Apesar dos vários sons mais sintéticos, destaca-se a bateria e a guitarra e o piano finais. É muito intensa e há vários aspetos quase etéreos.
A faixa que dá o nome ao álbum vem em segundo lugar. “Back Of My Mind” é uma colaboração com Ty Dolla $ign. O artista não tem uma participação muito significativa, apesar disso faz uma grande diferença nas harmonias. Com uma vertente mais Hip Hop, as harmonias ajudam a passar que há mesmo uma voz na sua mente. O Hip Hop prolonga-se para “Trauma”, outra colaboração, desta vez com Cordae.
O primeiro single do conjunto é “Damage”. O R&B explora sempre temas mais íntimos e pessoais e esta faixa é precisamente sobre a vulnerabilidade e do medo sair magoado de uma relação. Ouvimos H.E.R no seu estado natural. Não dura muito pois a seguir, em “Find A Way”, deixa de lado o R&B e assume o Hip Hop com truques como o autotune que não é de todo necessário. A participação de Lil Baby ajuda a reforçar esta mudança.
Abrandamos em “Bloody Waters”. Embora um pouco monótona, a voz acompanha em perfeita sincronia o ritmo mais repetitivo. “Closer To Me” relembra também o R&B dos inícios do milénio, por isso é muito agradável ter uma reminiscência deste género no conjunto. Além de que a voz de H.E.R nesta faixa sobressai imenso.
Assim como “Come Through” com Chris Brown é um “atira para trás”. Ter a voz do Chris Brown ajuda a criar essa ambiência. Observando o tema, também ajuda ter duas vozes a cantar sobre o desejo de estar com aquele alguém. Como resposta, ouve-se “My Own”, num universo onde o desejo não foi concretizado e H.E.R se encontra sozinha. É algo muito mais intimista onde o que nos conduz é a voz.
Rapidamente se retorna ao Hip Hop com “Lucky”. Não é uma música tão cantada, apresentando um instrumental comprido em comparação com a duração total da faixa que é de apenas de 3 minutos.
Seria fácil imaginar H.E.R a cantar “Mean It” numa espécie de café-concerto por parecer uma versão acústica de uma hipotética música original. Nada contra, até porque ouvir a sua voz nua e crua apenas acompanhada pela guitarra é uma experiência calmante. Ao contrário de “Paradise”, que não se destaca tanto.
O segundo single é “Hold On”. Retrata o sentimento de querer estar com uma pessoa que não retribui. Vai fazendo trocas de palavras que lhe dá algum ritmo e, por isso, é algo satisfatório de ouvir. Por outro lado, “Process” é daquelas músicas que não paramos o que estamos a fazer para ouvir, mas que ajuda a criar uma boa atmosfera onde quer que estejamos graças à onde quase de Jazz que a envolve.
A voz grave e forte desvanecesse um pouco em “Don’t” e H.E.R canta num tom bastante agudo, acompanhada de uma faixa Jazz, com um fim triunfal com a guitarra. Em contraste, surge “Exhausted”, sem qualquer batida, apenas as teclas. Retrata o erro de cair numa rotina que não é saudável, por isso, enquadra-se apenas se destacar a voz.
“Hard To Love” pode ser considerada uma balada. Há emoção, um ritmo lento, uma guitarra acústica, uma voz poderosa, tudo o que o uma boa balada precisa. H.E.R é também muito forte neste género. “For Anyone” segue também dentro deste estilo.
As influências de DJ Khaled são bastante notórias em “I Can Have It All”, tanto na letra como na produção de música que usa demasiados elementos. Não é o registo que assenta melhor a H.E.R, para além de que a participação de Bryson Tiller é praticamente invisível.
Terminar com uma colaboração não é muito comum. No entanto, YG ajuda a representar as raízes de H.E.R. “Slide” é uma faixa Hip Hop que serve como uma ótima despedida, ao deixar-nos com o mood mais leve e despreocupado.
Depois desta verdadeira jornada de ouvir 21 músicas, a primeira coisa a notar é que, apesar de todas serem de grande qualidade, são demasiadas. Pode ser justificado por ser o primeiro e ter muito trabalho acumulado para publicar. Algumas são dispensáveis e desviam a atenção daquelas que realmente provocam sentimentos.
H.E.R é ainda muito jovem e já ganhou nome no seio do R&B. A lista de colaboração realizadas ao longo da carreira também impõe respeito. Depois de Back Of Mind, só podemos esperar coisas boas desta cantora.
Álbum: Back Of My Mind
Artista: H.E.R.
Editora: MBK Entertainment/RCA Records
Data de Lançamento: 18 de junho de 2021