Estudo científico conta com cientistas de 17 países, entre eles, Helena Machado, socióloga da Universidade do Minho.

A revista científica “The Lancet” disponibilizou, esta sexta-feira, um estudo científico relativo à pandemia de Covid-19. Os cientistas que assinaram o estudo refletem a necessidade dos países europeus de cooperarem cada vez mais entre si e de procurarem adotar uma posição mais estratégica no que toca à extinção do vírus. É também discutido pelos investigadores as consequências do desconfinamento antecipado.

Os investigadores propõem duas opções plausíveis na tentativa de trazer à população europeia o máximo de conforto e proteção: “os governos mantêm medidas restritivas até ao inverno ou, então, os governos vão já reduzindo as restrições e, com a vacinação generalizada, os casos covid irão disparar, mas de baixa gravidade, espera-se”, afirma Helena Machado, socióloga da UMinho. Embora sejam duas hipóteses contrastantes, a resolução deste problema tem de ser unânime para todos os países dentro do estudo, uma vez que, segundo a presidente do Instituto de Ciências Sociais da UMinho, “não faz sentido um país adotar um caminho e o país vizinho não, exige-se cooperação e solidariedade internacional”.

A equipa de investigadores explica que este é um dilema que apresenta vantagens e desvantagens para ambas as possíveis decisões. Por um lado, desconfinar iria ajudar na recuperação económica e na descompressão psicológica dos cidadãos, visto que os últimos dois anos têm sido saturantes para todos. No entanto, “no outono, a mudança para atividades internas, o clima frio que acelera a disseminação do SARS-CoV-2, a hipótese de novas estirpes e, sobretudo, cada vez mais gente a misturar-se em público podem levar a uma nova vaga e ao confinamento”, o que não aconteceria se os países se encontrassem em confinamento restrito.

A equipa defende ainda que a extinção do vírus é pouco provável, uma vez que a evolução da Covid-19 se mantém, a cobertura vacinal é precoce e a imunidade de grupo ainda está muito aquém face à evolução da pandemia. Como tal, a situação de 2020 pode repetir-se, a menos que sejam feitas “mudanças moderadas como melhor ventilação de espaços e maior uso de máscaras em certos momentos” para ajudar a “quebrar cadeias de transmissão”.

Os cientistas terminam apelidando aos governos a ponderarem certas necessidades de saúde que não foram acudidas em 2020, como a assistência de doentes com outras dificuldades, trazer cobertura a complicações mentais, sobretudo para quem está em ameaça social e certificarem-se que a vacinação seja universal.