Depois de vencerem o Prémio Gramofone, com o álbum “Manuel Cardoso: Requiem, Lamentations, Magnificat & Motets”, os Cupertinos foram premiados na terceira edição dos PLAY – Prémios da Música Portuguesa. O grupo vocal de Vila Nova de Famalicão, criado na Fundação Cupertino de Miranda, venceu o prémio de Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita com “Duarte Lobo: Masses, Responsories & Motets”.
Os Cupertinos é composto por Luís Toscano, diretor musical, e por mais sete músicos. O grupo dedica-se a explorar a música dos séculos XVI e XVII e, para além das casas portuguesas, já subiu a palcos da Galiza, Reino Unido e de Itália. Habitualmente, os Cupertinos exploram as igrejas e mosteiros, participam em visitas guiadas nos locais em que atuam e tentam relacionar a sua música com a história e arquitetura dos diferentes espaços. “É uma potenciação mútua: pretendemos que a nossa música faça ressoar os espaços em que atuamos, pretendemos que a nossa música convide as pessoas a comtemplar esses mesmos locais, e intencionamos que esses espaços alimentem a nossa música”, explicou Luís Toscano.
O grupo vocal surgiu em 2009, no seio da Fundação Cupertino de Miranda, com o propósito de ceder à instituição “uma ligação efetiva à música”. A fundação apresenta uma biblioteca aberta ao público e a investigadores e aposta na arte surrealista e, na altura, “pretendia ter uma intervenção na área da música”, elucidou o diretor musical. Consequentemente, “a instituição, ao se questionar sobre aquilo que poderia fazer na música, apostou em criar um grupo de raiz”, acrescentou. O grupo poderia ser um generalista ou até uma orquestra, mas a fundação explorou aquilo que ainda estava por se realizar em Portugal. “A ideia não era fazer mais do mesmo, era fazer uma coisa muito específica a um melhor nível possível”, notou Luís Toscano.
“A instituição, ao se questionar sobre aquilo que poderia fazer na música, apostou em criar um grupo de raiz”
Os Cupertinos já cantaram mais de 250 obras de compositores portugueses diferentes, dos séculos XVI e XVII, e já cantaram mais de 100 obras em primeira audição, músicas que não eram exibidas há mais de 400 anos. Segundo Marlene Oliveira, Diretora de Artes, Informação e Comunicação da Fundação Cupertino de Miranda, “o grupo é fundamental para a fundação, para o município e para levar a música portuguesa para fora de Portugal”.
Vencer o prémio de Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita na terceira edição dos PLAY – Prémios da Música Portuguesa traz “um reconhecimento muito importante”, assumiu Marlene Oliveira. “O prémio é o culminar do esforço do grupo e é o culminar do trabalhado que a fundação tem em elevar os Cupertinos”, declarou. Além disso, “é muito importante o reconhecimento do grupo, porque atrás dessa notoriedade, vem a da fundação e a de Famalicão”.
Luís Toscano sublinhou que “os prémios são coisas muito espetaculares, mas também muito discutíveis”. No entanto, apontou que é um sinal de que aquilo que o grupo faz “está a ser bem feito”. “É uma motivação para continuar e, ao mesmo tempo, dá-nos mais responsabilidade, ajudando-nos a questionar se o que fazemos é a coisa mais certa para o grupo, para a fundação e para Portugal”, destacou.
O trabalho discográfico que conferiu o prémio ao grupo é composto integralmente por música de Duarte Lobo. Duarte Lobo é um dos compositores mais relevantes de Portugal, do séculos XVI e XVII, e foi o único português que, em vida, teve as suas obras publicadas. No entanto, das várias obras lançadas, não se encontra o volume de Tenor 1. Perante este facto, os Cupertinos, juntamente com o professor José Abreu, reconstruiu as partes em falta e produziram o álbum “Duarte Lobo: Masses, Responsories & Motets”.
O grupo vocal já se encontra a preparar o terceiro e o quarto álbum. “Há muito que gravar e há muito para se fazer”, referiu Luís Toscano. Nos próximos trabalhos discográficos, o grupo vai voltar a apresentar obras de Duarte Lobo e Manuel Cardoso e vai explorar os trabalhos de compositores como Filipe Magalhães e Pedro Cristo. “A nossa expectativa era ter avançado mais um CD”, mas “estamos a fazer esforços para que num futuro muito breve este objetivo seja concretizado”, reconheceu o diretor.
No próximo sábado, dia 17 de julho, os Cupertinos vão atuar na Basílica do Bom Jesus do Monte, em Braga, pelas 21 horas. Antes do concerto, pelas 20h30 vai ser desenvolvida uma visita guiada ao espaço.