Plan B surge como uma crítica ao conservadorismo e às políticas anti-escolha de certos estados dos EUA. A comédia estreou em maio e destaca-se pelos temas extremamente atuais aos quais traz luz, tais como a saúde sexual adolescente, o arquétipo de famílias étnicas e até mesmo a comunidade LGBTQ+.

Sunny (Kuhoo Verma) e Lupe (Victoria Moroles) são duas adolescentes de famílias conservadoras e rigorosas, mas que lidam com os pais de maneira bastante diferente. Enquanto Sunny faz de tudo para ser a filha perfeita, que a mãe indiana tanto deseja, Lupe revolta-se contra os idealismos do seu pai latino, agindo como lhe apetece.

Quando a mãe de Sunny tem de passar um fim de semana fora em trabalho, o duo vê uma oportunidade para organizar uma enorme festa que tem como objetivo aproximar Sunny de Hunter (Michael Provost), por quem a jovem tem um fraquinho. Contudo, após algumas reviravoltas, a menina, que nunca havia sequer beijado alguém, acaba por perder a virgindade na sua própria festa, e não é com Hunter. Para agravar uma situação que já seria merecedora de arrependimento para a rapariga, um equívoco com o contracetivo leva-a a temer estar grávida.

Deste modo, começa então uma aventura em busca de uma pílula do dia seguinte para Sunny. Consequentemente, a aventura traduz-se numa longa-metragem estilo roadtrip. Apesar de um início genérico de comédia adolescente, ao longo desta viagem é impossível o espectador não se sentir emocionalmente envolvido com as personagens. As suas lutas interiores e problemas vão sendo esmiuçados, tornando-se cada vez mais raras as piadas e mais comuns os momentos comoventes.

Embora as duas protagonistas pareçam um duo improvável, a sua relação entre ambas é aquilo que o filme tem de mais cativante. Mesmo que imensamente diferentes, Sunny e Lupe têm uma compatibilidade inegável e aliam-se num drama cheio de autodescoberta. Isto só é reforçado pela química entre as duas atrizes, cujo desempenho é impecável.

A banda sonora complementa perfeitamente cada momento e situação, contribuindo, grande parte das vezes, para o cómico das cenas. Músicas de várias décadas diferentes são incorporadas na longa-metragem, transmitindo de certo modo a ideia de que, apesar das personagens agirem claramente como parte da “geração Z”, este é um problema intemporal.

Além disso, a obra cinematográfica merece também congratulações pelo modo realista como pega no tema da descoberta e identidade sexual e como critica a forma como estes assuntos são negligenciados no ensino. De forma particular, o filme deve ser aplaudido pela forma como apresenta o modo como uma mulher sexualmente ativa se espelha na sociedade e a norma religiosa que condena as relações pré-nupciais.

Plan B não é um filme revolucionário de maneira alguma, mas é indubitavelmente uma aventura adorável em que duas adolescentes veem despertar a sua consciência cultural e sexual. Como comédia, não é a mais engraçada de sempre, mas o drama é envolvente e compensa aquilo que falta em gargalhadas.