O galardão é promovido pela Fundação la Caixa, que este ano distinguiu 30 projetos, 12 deles em Portugal.

O “Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2021” distinguiu, esta quarta-feira, três trabalhos de investigadores da Universidade do Minho com bolsas entre os 500 mil e 1 milhão de euros para os próximos três anos. Este concurso anual nasceu em 2018 e já atribuiu 72 milhões de euros a 105 projetos de excelência na investigação básica, clínica e translacional na área das neurociências e das doenças cardiovasculares, infeciosas e oncológicas.

Em entrevista à RUM, os investigadores responsáveis pelos projetos de investigação destacam o “reconhecimento” e “extrema importância” das bolsas. Segundo os profissionais, as bolsas dão nome à UMinho e à sua investigação, mas também permitem a aquisição de equipamentos e contratação de recursos humanos.

A UMinho, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e o Consejo Superior de Investigaciones Científicas de Madrid (CSIC), juntaram-se para desenvolver um nano dispositivo de grafeno para compreender melhor o funcionamento do cérebro. A investigação vai começar em novembro de 2021, mas já foi premiada com 1 milhão de euros. Trata-se da maior fatia comparada com os dois outros trabalhos desenvolvidos na instituição de ensino superior minhota. Para criar este dispositivo vai ser utilizada nanotecnologia de grafeno, biologia molecular e neuro engenharia. Depois, o trabalho vai passar por monitorizar as mensagens químicas e elétricas dos neurónios e, posteriormente, corelacionar as duas com “estímulos exteriores” que vão ser induzidos já numa fase final do projeto em ratinhos.

Joana Azeredo, do Centro de Engenharia Biológica, pretende, nos próximos três anos, impulsionar o trabalho no âmbito da manipulação genética de bacteriófagos, vírus inofensivos, de modo a tratar de forma rápida infeções bacterianas. O grupo coordenado por Jorge Pedrosa pretende desenvolver uma plataforma que permita gerar vírus sintéticos. Desta forma, passa a ser possível gerar, em menos de 24 horas, uma “solução específica para tratar infeções”. Joana Azeredo afirma que 50% da verba arrecadada com este prémio vai ser utilizada para a contratação de recursos humanos, 30% para consumíveis e ensaios “in vivo” e 20% para equipamento.

O Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) está comprometido em descobrir a origem da depressão. Nos próximos três anos, a equipa liderada por João Filipe Oliveira vai pesquisar o papel dos astrócitos na comunicação com os neurónios, no contexto da depressão. O investigador garante que, nos testes já realizados em ratinhos, é percetível que “ao manipular estas células”, é possível criar uma certa resiliência aos processos que levam à depressão. Mecanismos que podem vir a ser utilizados no tratamento, num estudo posterior, aos pacientes que sofrem desta patologia, acredita o investigador. O trabalho está ainda numa fase embrionária, e, portanto, vai canalizar a bolsa de 500 mil euros para a elaboração de experiências “complexas e dispendiosas”, explica João Oliveira.