A lista A rege-se pelo mote “Agir pela Academia”.

A campanha eleitoral para o Senado Académico da Universidade do Minho começou esta terça-feira. Existem três listas candidatas à representação dos estudantes. Rodrigo Dinis, aluno do 1º ano da licenciatura em relações internacionais e candidato pela lista A ao Senado Académico, conversou com o ComUM sobre o que motiva a sua lista.

ComUM – Na tua perspetiva, como é que o Senado Académico deveria funcionar?

Rodrigo Dinis – Nós procuramos responder a isso nas nossas propostas. A partir do momento que falamos com vários estudantes da nossa academia, percebemos que existe uma grande falta de informação relativamente ao Senado. Isto foi uma das razões que nos levou a decidir criar esta lista.  Procuramos chamar a atenção da comunidade estudantil para aquele que é um dos órgãos mais relevantes de toda a universidade. É lá que os estudantes têm os seus interesses representados ao lado daqueles que tomam as decisões e que depois afetam o dia a dia académico.

Esta falta de informação relativamente a este órgão surge como um entrave, não só à participação dos estudantes, mas também à capacidade que temos como comunidade estudantil de manter um ensino justo e democrático. Para combater isso, o que nós defendemos é um maior número de estudantes no Senado Académico. Seis representantes (dos estudantes) eleitos não é o suficiente para garantir uma boa ligação entre este órgão e o resto da nossa comunidade. Existem outros representantes do Senado, mas esses não são eleitos da mesma maneira que os seis. Outra coisa que pretendemos para ajudar na representação e na ligação entre quem toma as decisões e os estudantes, seria a criação de outros mecanismos reivindicativos como, por exemplo, um roteiro de auscultação aberto onde os estudantes possam escrutinar aqueles que tomam decisões.

Em suma, a grande ambição da lista A é dar voz aos estudantes. Porém, para que isto aconteça, temos que os ouvir, temos de garantir que aquilo que se passa no principal órgão consultivo da Universidade do Minho é transparente, democrático e realmente nos representa da maneira que queremos ser representados.

ComUM – O que motivou a tua candidatura ao Senado Académico?

Rodrigo Dinis – Muito do que motivou foi o que acabei de descrever. Esta ideia de haver falta de informação relativamente ao Senado, de não haver a transparência necessária para a boa coordenação daquilo que são os interesses dos alunos e também uma vontade de, tal como é o mote da nossa lista, agir pela Academia.

Assim, juntamos 12 estudantes para defender os direitos de todos os outros e isto está bem demonstrado na génese da nossa lista. Nós somos 12 alunos de 11 cursos diferentes, e assim conseguimos representar o maior número de ideias, trazer o maior número de opiniões diversas para esta campanha, exatamente porque nós não queríamos ter só estudantes de uma área de estudo a tentar afirmar que representam toda a universidade. Mesmo com 12 é difícil afirmar isso e, portanto, vamos tentar, através das nossas páginas de comunicação social, ouvir e perceber o que os alunos pretendem.

Acima de tudo, nós não estamos a tentar representar-nos a nós, não estamos a tentar meter lá os nossos interesses. O que nós queremos é realmente defender o que uma boa parte da academia quiser e garantir os nossos direitos como estudantes.

Senado Académico, Lista A

Maria Carvalho e João da Silva/ ComUM

ComUM – Quais são as mudanças que a UMinho está a necessitar? 

Rodrigo Dinis – Para começar é preciso perceber que o Senado é apenas um órgão consultivo. O que lá acontece não é vinculativo, no entanto, é aqui que precisamente as reivindicações, desejos e receios enquanto estudantes são transmitidos ao corpo docente, à reitoria, etc. Consideramos que é necessário agir na questão da sustentabilidade. É uma temática cada vez mais urgente e que felizmente cada vez mais as pessoas estão conscientes do quão imperativo é atacarmos este problema. A universidade é o local onde os jovens são formados e são estes jovens que vão ser o nosso futuro, e é importante que todos estejam consciencializados das ameaças que se fazem sentir devido às alterações climáticas e realmente isso é algo que a universidade tem que começar a investir mais.

Para além disso, pensamos ser necessário e imperativo mudar a maneira como os estudantes internacionais são tratados e alterar os estatutos dos mesmos. Por exemplo, falando das propinas dos estudantes internacionais, que são desproporcionalmente mais elevadas do que as propinas de um estudante nacional. Mesmo dentro das propinas dos estudantes internacionais, há uma grande disparidade de valores, por exemplo o curso de arquitetura é muito mais caro do que outros cursos, o que não faz sentido. Deveria haver uma uniformização destes valores e um teto de propinas para estes estudantes e, em geral, uma diminuição do valor destas. Outro aspeto fácil de mudar, mas que ainda não foi muito abordado pela nossa universidade é a questão de taxas e emolumentos para acesso a serviços ou materiais, ou seja, a cobrança por documentos ou materiais necessários para acesso a unidades curriculares, a candidaturas a mestrado, etc. Nós, como lista A, consideramos isto injustificável, uma vez que são imprescindíveis para o nosso percurso académico.

ComUM –  Em que é que a tua lista difere das outras? 

Rodrigo  Dinis – Este órgão é de grande importância para todos os estudantes. E como tal nós comprometemo-nos desde logo a informar os estudantes daquilo que acontece nestas reuniões. Ou seja, a tal transparência que nós desde o início achamos importante que exista.

Um grande ponto que nos separa das outras listas é a questão da sustentabilidade, pela luta por uma universidade mais sustentável. Outro ponto importante é relacionado com a habitação dos nossos estudantes, onde trazemos aqui uma nova visão, uma visão mais esclarecedora. Existem 1399 camas para cerca de 20 mil estudantes e sabemos que a nossa universidade decidiu transformar a fábrica Confiança, em Braga, numa residência. No entanto, nós achamos que isso não é suficiente. A realidade vimaranense continua a ser ignorada, pois ainda não existe nenhuma proposta do género para essa cidade e mesmo as residências existentes precisam de ser renovadas. Um exemplo muito importante, que eu tenho a certeza que todos os alunos a viver nas residências durante a pandemia sentiram com as aulas à distância, é que a rede de internet das residências é completamente ultrapassada e não é capaz de dar resposta às necessidades dos alunos. Já houve trabalho feito nestes aspetos mas acho que foi insuficiente e demorado.

No senado académico, a nossa lista vai sempre procurar deixar claro a primordialidade deste assunto. Outras ideias que vamos trazer são o alargamento dos horários de funcionamento dos serviços, visto que, por exemplo, os alunos de pós-laboral se deparam com dificuldades nos acessos a estes; maior apoio a estudantes com deficiências motoras, neuro divergentes e necessidades educativas específicas; maior proteção da saúde mental dos estudantes e valorização das atividades extracurriculares. Temos que deixar clara a nossa ideia relativa às propinas, porque nós acreditamos que não devem haver entraves financeiros para nenhuma pessoa na entrada no ensino superior. E como tal, o que a lista defende é que, eventualmente, as propinas para licenciados sejam inexistentes. No entanto, nós percebemos que esta decisão não cabe apenas à nossa universidade, mas vamos sempre procurar garantir que aquilo que se fala no senado académico nunca é em oposição aos estudantes. Nós não nos podemos comprometer a acabar com as propinas, claro, mas podemos e vamos deixar sempre claro qual é o nosso objetivo final – que é o ensino gratuito e universal. Defendemos, também, a diminuição das propinas dos alunos dos 2º e 3º ciclos de estudos. Resumidamente, defendemos mais poder na mão dos estudantes.

ComUM – Pode a abstenção ser um problema nestas eleições?

Rodrigo Dinis – A abstenção, como sabemos, nas mais recentes eleições, seja para que órgão for, tem resultado em elevados números (de abstenção). Para estas em concreto, acho que é bom sinal existir três listas candidatas ao senado. Nas últimas eleições, há dois anos atrás, só concorreu uma. Apesar do distanciamento que houve entre os estudantes e a universidade com esta pandemia e de agora ser verão, acreditamos que possa haver uma boa adesão à campanha, porque acredito que estamos numa altura em que cada vez mais as pessoas se preocupam com o seu futuro e, acima de tudo, se preocupam com o presente. Os estudantes não votam porque acham que não significa nada votar, a verdade é que significa tudo. Portanto, a missão da Lista A é muito mais do que representação estudantil, é mais do que uma mera ação política.

Artigo escrito por: Maria Carvalho e João da Silva