Diariamente, cada pessoa é responsável, em média, pela produção de cerca de 1,3 kg de resíduos.

Segundo o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 2030, dez anos antes do que se estimava, pode vir a ser alcançado o limite de +1,5 ºC, com riscos de desastres “sem precedentes” para a humanidade. Segundo especialistas, importa solucionar o aumento da produção de resíduos, compreendendo que este é um problema complexo, devido à sua natureza difusa e à correlação com as tendências sociais e os comportamentos individuais.

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a produção de resíduos causa impactos no ambiente e na saúde humana, ora pelos próprios resíduos gerados, que têm que ser recolhidos, tratados e eliminados, ora pelo desperdício de recursos associados. Embora a produção de resíduos seja uma das fontes de poluição mais difundidas pelo planeta é uma para a qual os cidadãos, individualmente, podem de imediato ser parte da solução. A origem de todo o lixo pode ser localizada até uma única fonte: as pessoas.

De acordo com estatísticas da ONU, existem, atualmente, 1,2 mil milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos, o que representa 16% da população mundial. A organização reconhece o papel vital destes na construção de sociedades mais sustentáveis, inclusivas e justas para todos. Marisa Lima, coordenadora de comunicação da empresa Resinorte, afirma que “Os jovens trouxeram ao debate a responsabilidade socioambiental”. Acrescenta que, em função desta, a política de resíduos foca-se na prevenção e no aproveitamento dos resíduos como recurso, dando continuidade ao ciclo de vida dos materiais. Desta forma, devolve materiais e energia à economia e promove os princípios da economia circular.

resíduos

Carlos Dobreira

O ativista ambiental Carlos Manuel Dobreira, em conversa com o ComUM, admite que não crê que “a população portuguesa esteja consciencializada, de forma fundamentada e consolidada, para a prática da reciclagem”. Segundo o mesmo, “basta observar o que se passa nas imediações dos estabelecimentos de ensino, das infraestruturas desportivas ou em ecopontos e contentores na área de residência”. O ativista acredita que os jovens têm um papel decisivo e que devem reivindicar, a nível nacional, uma campanha de informação sobre a separação de resíduos e a instalação de mais ecopontos.

Além disto, na opinião de Carlos Dobreira, seria importante introduzir a prática de plogging nos sistemas de ensino da União Europeia. Criado a partir da combinação das palavras jogging (corrida), em inglês, e plocka upp (apanhar), em sueco, o plogging é uma nova prática de exercício físico. Carlos é adepto da modalidade e explica que o objetivo desta é incentivar as pessoas à prática de exercício e também à recolha de lixo durante a atividade, tornando as cidades mais limpas.

Os resíduos urbanos são constituídos por vários tipos de materiais e produtos em fim de vida. Estes resíduos têm origem num número de produtores bastante elevado e disperso, o que coloca desafios à sua gestão. Cabe aos cidadãos e aos restantes produtores a responsabilidade de separar e depositar os resíduos urbanos nos pontos de recolha disponibilizados.

Artigo por: Catarina Roque e Maria Carvalho