Estreado em agosto, Beckett é o verdadeiro eufemismo das palavras absurdo e mirabolante. O drama, dirigido por Ferdinando Filomarino, tem como panos de fundo a resiliência e, sobretudo, a fragilidade do ser humano.

O filme começa por retratar a vida de um casal aparentemente normal e feliz que se encontra de férias na Grécia. Numa noite monótona, Beckett, que ia a conduzir, adormece ao volante e acaba por se despistar, causando a morte de April, a namorada. Após esse trágico episódio é sempre a descambar, visto que o jovem estava no local errado, à hora errada e vira algo que não era suposto. O protagonista é inserido numa teia de conspirações e é obrigado a fugir para salvar a sua vida.

Confuso, aborrecido e vagaroso. Estes termos são usados devido a uma falha na narrativa e, consequentemente, no guião. O simples facto de o realizador dar ênfase a cenas enfadonhas, que são exacerbadas e constantes, torna a obra cinematográfica bastante pesada e desinteressante. Para além do mais, Beckett, ao virar um saco de pancada e a quem tudo de mal acontece,  transporta a longa-metragem para um mundo absurdo, que nos mostra a vulnerabilidade da condição humana, levada ao extremo.

Mas nem tudo é mau. No decorrer da ação é nos apresentado um pouco do que é a vida na Grécia. Belas paisagens com o céu azul, montanhas verdes, gente rústica e simples, tudo aquilo que nunca ninguém ligaria a sinais de ameaça. Contudo, o fatal acidente acontece num ambiente noturno, cujas névoas e soturnidade indiciam tragédia. Todas as cenas que antecedem esse momento já indicam que algo de mal está para acontecer, desde os movimentos de câmara, ao desconforto e sonolência do ator principal.

Outro aspeto a destacar é o paralelo que se faz entre ficção e realidade. Quando digo realidade, estou a referir-me a motivações políticas que muitas vezes são a causa de vários atentados contra a vida humana e, nesta obra é relatado exatamente isso, o quão grave pode ser e as repercussões que pode tomar.

Beckett tenta ser um filme de suspense, mas o realizador acaba por mostrar tudo. Assim, a longa-metragem exagera demasiado em repetições desnecessárias, o que faz com que o espectador perca o interesse.