Richard Osman, apresentador de televisão britânico, aventurou-se na literatura policial com O Clube do Crime das Quintas-Feiras. Um toque de Agatha Christie, o estilo de humor britânico refinado e personagens interessantes, apesar de inusitadas, fazem deste primeiro lançamento um autêntico page-turner.

Imaginemo-nos a viver os dias da nossa reforma. Um bairro sossegado de residências privadas e alguns luxos poderão ser agradáveis, mas só nos primeiros tempos. Ron, Joyce, Ibrahim e Elizabeth pensaram exatamente o mesmo. Na tentativa de romper com a monotonia, este grupo reúne-se uma vez por semana para discutir crimes deixados em aberto. Isto, contudo, não passa de um hobby peculiar até ao dia em que um homicídio a vivo e a cores ocorre no bairro pacato. Esta situação leva os octogenários a embarcarem numa aventura tão misteriosa quanto engraçada que deixa Chris e Donna, os verdadeiros investigadores, enfadados com tanta intromissão.

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As personagens desta obra são verdadeiramente originais. Primeiramente, é raro que os protagonistas, principalmente de uma história tão dinâmica, tenham uma idade tão avançada. Este facto permite várias vezes que, de forma pertinente e inteligente, se abordem temas inerentes à velhice, assim como a solidão e perda de faculdades mentais. Ademais, cada uma das personagens é tão rica e tem um contexto tão bem construído que faz com que, harmoniosamente, cada uma sirva na perfeição para ter um contributo diferente na resolução dos mistérios. Quer seja por uma personalidade com características de líder (Elizabeth), quer pela antiga profissão na área da psiquiatria (Ibrahim).

Para além disso, as palavras escolhidas são bastante simples e o autor não é muito descritivo. Aliás, alguns momentos pediam, talvez, que tivesse sido um pouco mais. No entanto, este facto ajuda a que a leitura se torne bastante rápida o que, alicerçado à rápida sucessão de acontecimentos, faz com que acabemos a obra num ápice e que fiquemos ansiosamente à espera de uma segunda parte. Isto, no entanto, não será um problema, visto que o sucesso alcançado já fez confirmar um segundo livro e até uma adaptação ao cinema, possivelmente nas mãos de Spielberg.

O Clube do Crime das Quintas-Feiras é um perfeito companheiro para o Verão. A sua linguagem simples e os eventos bem encadeados fazem com que este livro seja um policial bastante “light” da forma menos pejorativa possível. Aliás, já chegou a ser comparado ao sucesso de vendas de Harry Potter. Nos dias que correm, tem sido bastante difícil ser inovador no âmbito da literatura policial. Porém, Osman fê-lo e com excelência.