A 11 de outubro de 1976, dois anos após a grande vitória na Eurovisão, a banda sueca ABBA presenteou o público com um disco que superou expectativas. Mais do que o quarto álbum de estúdio, Arrival foi o projeto que se eternizou como um dos maiores fenómenos do grupo, com canções que ainda hoje permanecem no ouvido de várias pessoas ao redor do mundo.
ABBA. Quem é que nunca ouviu falar deles? O quarteto que fez grande furor entre as décadas de 70 e 80. Os compositores das memoráveis faixas que serviram de pano de fundo ao musical da Brodway e, posteriormente, ao filme Mamma Mia. O grupo cujas melodias cativantes abrem, ainda hoje, convites para danças e momentos especiais. Resumindo, quase não existe ninguém que não conheça uma única canção desta que foi uma das bandas de maior sucesso comercial da História da música.
É impossível falar em ABBA e não recordar um dos trabalhos mais fascinantes de toda a sua carreira. Arrival foi o álbum mais vendido em 1976 e o segundo mais vendido na Grã-Bretanha nos anos 1970. Com este disco, nasceram três grandes hinos que alcançaram o top número um no Reino Unido no mesmo ano do seu lançamento: “Money, Money, Money”, “Fernando” e a inconfundível “Dancing Queen”, que vendeu mais de um milhão de cópias e permaneceu no topo por seis semanas consecutivas.
Não é difícil perceber o porquê de tamanho sucesso. Com líricas únicas e ritmos viciantes, é praticamente inevitável deixarmo-nos levar pela energia que exala de cada faixa. A composição que abre portas para este equilíbrio musical é “When I Kissed The Teacher”. A letra é divertida e o riff acústico, aliado às teclas de piano, confere-lhe um instrumental que vai ficar na cabeça de quem o ouve por várias horas seguidas.
Segue-se “Dancing Queen”, a chave de ouro do disco que elevou a popularidade da banda a um nível exorbitante. Depois de ter sido reproduzida em vários lugares, tornou-se naquela canção que conseguimos sempre reconhecer, independentemente de nunca termos ouvido falar de ABBA. Os versos não são profundos, chegando, até, a ser um pouco superficiais. É, pois, o enlace com a melodia que os tornam cativantes e fáceis de memorizar (“You are the dancing queen/ Young and sweet/ Only seventeen”).
O amor é um tema recorrente nas composições do grupo. “Knowing Me, Knowing You” aborda o fim de uma relação amorosa ao som de uma melodia nostálgica marcada por, uma vez mais, um harmonioso riff de guitarra. Liricamente, trata-se de uma visão otimista sobre o sucedido, ao contrário de outros singles posteriores (como é o caso de “The Winner Takes It All”). Vale ainda destacar a performance vocal de Anni-Frid Lyngstad que, apesar de um pouco vacilante no início, ganha intensidade com os sussurros misteriosos de Agnetha Fältskog (“Memories, good days, bad days/ They’ll be with me always/ In these old familiar rooms/ Children would play”). Ainda no registo dos corações partidos, encontra-se a emotiva “My love, My Life”, uma canção que se destaca pelos vocais doces e angelicais (“But I know I don’t possess you/ With all my heart, God bless you/ You will be my love and my life/ You’re my one and only”).
Em “Money, Money, Money”, os membros cantam sobre o mundo dos homens ricos e das suas regalias. É difícil decifrar se a letra se apresenta como uma crítica à riqueza ou se expressa uma ânsia ou desejo pela mesma. O “eu” lírico é uma mulher que sonha casar-se com um homem rico de forma a usufruir de todas as vantagens que isso traz. Talvez a intenção do grupo não fosse a de que alguém analisasse os versos ao pormenor, mas que se identificasse com a mesma e se deixasse levar pelo ritmo dançante. Para um tema dos anos 70, transmite uma mensagem ousada e impressionante.
Por fim, temos “Tiger” e “Arrival”. A primeira faixa é deveras interessante, uma vez que carrega na lírica uma história de terror com a cidade a servir de cenário. O instrumental é enérgico e vibrante, algo que contrasta com o tom horripilante dos versos (“The city is a jungle, you better take care/ Never walk alone after midnight/ If you don’t believe it you better beware”). Já a segunda, que é também o título do álbum, encerra o disco ao som de um coro de vocais doces e celestiais.
Não é de admirar que Arrival seja considerado um dos melhores álbuns da década de 70. Cada canção é única e especial, com traços caraterísticos que as tornam, de facto, em temas da aclamada banda ABBA. O mais notório é, realmente, a capacidade de “arrastar” qualquer ouvinte para um pé de dança com as melodias alegres e agitadas que, ainda hoje, são ouvidas e apreciadas por pessoas de várias idades.
Álbum: Arrival
Artista: ABBA
Editora: Polar Music
Data de lançamento: 11 de outubro de 1976