A 3 de setembro de 2021, Drake oferece aos fãs o sexto álbum de estúdio. Com 21 faixas, Certified Lover Boy conta com uma produção excelente, algumas samples emprestadas, várias participações especiais, mas letras bastante questionáveis.

O mais recente álbum de Drake, um dos artistas mais reconhecidos a nível mundial, conta com diversas participações especiais. Lil Baby, Jay-Z, Travis Scott e Future são só alguns dos grandes nomes da área que podemos encontrar nas músicas. Aliás, os solos de Drake são uma fatia pequena do álbum, visto que são apenas sete.

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Os aspetos técnicos são, provavelmente, o ponto alto deste projeto. Inclui diversas samples de outros artistas que funcionam bastante bem, apesar de nem todas terem sido bem-recebidas. As dos Beatles e de Notorious B.I.G foram pertinentes e bem trabalhadas. Já a de R. Kelly, nem por isso. Não tanto pela sonoridade, mas pela questionável homenagem e créditos dados a alguém acusado de agressão sexual.

Apesar de este ser um dos projetos do artista que, sem dúvida, está nas formas mais puras de hip-hop e rap, não deixa de ser possível notar influências de outros géneros aqui e ali.  Já ao nível da lírica, o álbum deixa bastante a desejar. Há uma constante vitimização (como em “Champagne Poetry”) e, muitas vezes, devido ao luxo. Não desvalorizando o que o artista sente, as músicas com este tema tornam-se muito pouco relacionáveis e pode revelar um pouco de falta de perspetiva.

Fucking Fans”, por sua vez, podia ser uma música profunda sobre lidar com a fama. Em vez disso, revela um lado um bocado degradante. Já “7AM on Bridle Path” relembra-me do quão cansada estou de rivalidades despropositadas entre artistas, causadas por vontade de vender mais ou por uma imaturidade transcendente.

Porém, há alguns momentos relativamente bons como, por exemplo, “IMY2” onde o artista faz algumas reflexões sobre a vida e sobre quem é enquanto homem. Destaco, também, “The Remorse” onde é abordado, precisamente, o remorso e enquanto rapper experiente, o canadiano deixa conselhos a quem vier depois dele.

No que concerne à prestação do artista em si, é indiscutível que Drake tem uma voz agradável. Dentro de um género que não é propriamente definido pela qualidade da voz, o artista canadiano sempre se destacou. No entanto, apesar de o trabalho técnico ser exímio, nem sempre as escolhas são as mais inteligentes e fazem com que se torne mais difícil apreciar a voz do rapper.

No geral, é possível dizer que Drake ficou aquém das suas qualidades. Anteriormente, primava por batidas refrescantes e, ao longo dos anos, foi-se homogeneizando com os restantes colegas da área. Ademais, aos 38 anos do artista, este álbum pedia mais maturidade. Na casa dos 20 talvez fizesse sentido ostentar, falar de temas supérfluos e de como lida com a fama, bem como entrar em arrufos com outros artistas. Numa idade mais avançada, essas mesmas coisas tornam-se um pouco degradantes. Certified Lover Boy não é, de todo, o melhor trabalho de Drake e é, talvez, um aviso do seu declínio ou, pelo menos, da sua necessidade de se reinventar enquanto artista mais maduro, visto que talento nunca foi, de todo, o seu problema.