O ComUM apresenta algumas das crises que marcaram a União Europeia desde o início do século.

Esta quarta-feira, celebra-se o Dia Internacional da Democracia. Em consonância com a ocasião, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, alude à contínua necessidade do combate às desigualdades sociais entre nações. Face à situação presente, aborda as injustiças sociais geradas pela pandemia da Covid-19, desde as desigualdades de género até ao desequilíbrio no acesso a vacinas e atendimento de saúde.

Os principais impactos de qualquer crise são comummente mais sentidos pelos mais desfavorecidos. Para Guterres, todas as crises representam uma ameaça à democracia, uma vez que os direitos, especialmente dos mais vulneráveis, são rapidamente esquecidos. Por essa razão, defende a proteção dos direitos humanos como um elemento-chave.

Desde o princípio da década, várias crises têm abalado o pilar da estabilidade mundial. Em 2008, uma grave crise financeira atinge a economia mundial. As dificuldades sentidas por vários bancos europeus e os empréstimos hipotecários concedidos nos EUA provocam uma recessão de ordem mundial, afetando gravemente a economia europeia e do Mundo.

Em 2011, o mundo assiste a uma série de manifestações, ocorridas na Síria, em favor da democracia. As forças de segurança abrem fogo sobre manifestantes, a violência intensifica-se e brigadas de rebeldes lutam contra as forças de segurança do Estado. Consequentemente, inicia-se uma grave guerra civil que, durante vários anos, levou sírios a procurar refúgio noutros países, nomeadamente no continente europeu. Em 2015, chegam à Europa cerca de um milhão de requerentes de asilo, fugitivos da guerra, necessitando de proteção internacional.

Ao longo da década, ocorrem também uma série de atentados terroristas em várias cidades europeias, ameaçando a segurança europeia e mundial. Paris, Bruxelas, Barcelona, Manchester e Londres são algumas das cidades atacadas pelos grupos terroristas.

Em março de 2020, a pandemia da Covid-19 pôs o mundo frente a uma crise de saúde pública, social, económica e política. Na atual fase, mais moderada em relação à doença, começam a acentuar-se as desigualdades no processo de vacinação entre os países com mais poder económico e os países com mais dificuldades.  Relativamente a esta questão, destaca-se Portugal como o país do mundo com mais população completamente vacinada, seguido de Malta e dos Emirados Árabes Unidos. Por outro lado, menos de 3,5 % das pessoas em África estão vacinadas, sendo que apenas dois países do continente africano atingiram a meta da OMS de vacinar pelo menos 40% da população. O fornecimento de vacinas mostra-se, portanto, desigual e desproporcional, o que terá um impacto negativo para todas as nações, pois continuarão a surgir novas variantes do vírus.

Recentemente, a chegada ao poder dos talibans no Afeganistão e a retirada das forças militares norte-americana originou uma nova crise com repercussões a nível internacional. O retorno da chamada “idade das trevas” com a repressão das mulheres e de grupos minoritários e a violação constante de vários direitos humanos está a gerar uma crise social, económica, política e financeira no país. A constante vigilância e censura de manifestações anti governo, bem como as enormes dificuldades alimentares agravadas pela seca são alguns dos exemplos da situação alarmante do Afeganistão.

Estas crises que marcaram e continuam a marcar a história das nações acentuam as desigualdades entre países, ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos. Guterres avisa que é preciso “um compromisso para salvaguardar os princípios de igualdade, participação e solidariedade, de forma a criar melhores condições para enfrentar crises futuras”.