A não aceitação da orientação sexual por parte da família é um dos motivos que levam ao suicídio.
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lançou esta sexta-feira, 10 de setembro, um documento intitulado “Vamos falar sobre suicídio”, a propósito do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. No documento, revela que os jovens homossexuais ou bissexuais têm uma probabilidade três vezes maior de cometer suicídio em algum momento da sua vida.
Renata Benavente, da OPP, enunciou à agência Lusa que um dos motivos que podem levar a um comportamento suicida é a não aceitação por parte da família. “Quando existem estas dificuldades acrescidas, sobretudo nestas fases de desenvolvimento que são críticas, da estruturação da personalidade, de aceitação de si próprio, a situação agrava-se”, explicou a psicóloga.
“A adolescência por si só já é uma fase difícil em que há um número crescente de suicídios. Se essas dificuldades que são expectáveis da adolescência se associam a outros fatores de risco, nomeadamente a identidade sexual, a não aceitação por parte da família da sua orientação sexual, todas essas dificuldades naturalmente vão aumentar o risco de suicídio”, continuou. Deste modo, a psicóloga reconhece os jovens homossexuais e bissexuais como o grupo de pessoas que merece uma particular atenção.
Renata Benavente alertou também para a “problemática muito preocupante” que é o suicídio ser a segunda causa de morte entre a população mais jovem. “A primeira [causa] são as mortes por acidente e a segunda é o suicídio, o que nos leva a refletir sobre porque é que os jovens estão a tomar este tipo de decisão de retirar a própria vida”, afirmou.
Em Portugal, o número de mortes por suicídio “é elevado”, com as estatísticas mais recentes a apontarem para três mortes por dia. No mundo, morrem quase 800 mil pessoas por suicídio anualmente. O documento divulgado pela OPP refere que “a maior parte das pessoas que morreu por suicídio sofria de problemas de saúde psicológica, nomeadamente depressão e consumo problemático de álcool”.
Por outro lado, a investigação internacional também mostra que o número de tentativas de suicídio é 25 vezes superior ao número de suicídios consumados. “As tentativas de suicídio e os suicídios são um grande desafio em termos da saúde pública e resultam normalmente de situações de grande sofrimento emocional e têm um impacto muito importante, quer pela perda de vidas humanas”, quer nos “sobreviventes”, declarou a psicóloga.
Por fim, Renata Benavente explicou que o objetivo principal do documento é abordar as temáticas do suicídio e promover a literacia em saúde, “ajudando a população em geral a identificar alguns sinais que possam remeter para alterações que indiciam um eventual comportamento desta natureza”. O documento debruça-se também sobre os motivos que podem conduzir ao suicídio, os fatores de risco e proteção, recomendações sobre o que se pode fazer, mitos e fatos e sinais de alerta.