Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis chegou aos cinemas portugueses no dia 2 de setembro. Há muito aguardado pelos fãs dos “quadradinhos”, o filme do herói asiático não desiludiu. Numa combinação harmonizada entre som, movimento e comédia, a longa-metragem oferece duas horas de pura satisfação visual e auditiva.

A obra do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) funciona como apresentação e introdução de Shang-Chi. Primeiramente, começa por mostrar a história de amor entre os pais do herói, através da qual se consegue perceber as capacidades de cada um. Mandarim/Wenwu (Tony Leung), apesar de dominar as técnicas das artes marciais, tinha como fonte de poder os Dez Anéis. Já Jiang Li (Fala Chen) era a guardiã da vila mágica Ta Lo e dominava, de forma mais subtil, as artes marciais e o manuseamento de armas (lanças, arco e flecha…).

O filme foca-se na história de desenvolvimento do herói asiático e da sua irmã, Xialing (Meng’er Zhang), que, após a morte da mãe, acabam por tomar rumos diferentes. Desta forma, estes deixam o grande centro de treino do pai e começam novos projetos em lugares diferentes do planeta. Shang-Chi muda-se para São Francisco e vive com o nome falso “Shaun”. Na companhia da sua amiga Katy (Awkwafina), estaciona carros de ricos empresários e recebe-os à entrada de um hotel luxuoso. O reencontro com as origens dá-se quando o pai envia um grupo dos seus lutadores em busca dos pendentes, deixados pela mãe, de ambos os irmãos. O lutador e a amiga põem, então, os pés a caminho numa perigosa aventura no mundo da magia das artes marciais.

Para além de focar em toda a problemática entre Shang-Chi e o pai, ao longo da produção é visível o crescimento pessoal das personagens. “Shaun”, um jovem apavorado e com falta de confiança vai ganhando força e empoderamento à medida que aumenta a intensidade do filme. Durante a obra da MCU, o jovem herói sofre por não conseguir decifrar quem realmente é. Todavia, acaba por unir as capacidades dadas pela mãe e pelo pai, fazendo dele uma pessoa única, confiante e poderosa. Outra personagem “perdida” e que acaba por se encontrar é Katy. Também com falta de confiança e insegura com a sua carreira profissional, a jovem vai percebendo melhor o seu verdadeiro “eu” e torna-se numa mulher poderosa e cheia de talentos.

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Como não podia faltar numa produção do mundo Marvel, a comédia teve um grande papel em todo o filme e os responsáveis por isso foram, claramente, os protagonistas da longa-metragem. Shang-Chi e Katy fizeram uma dupla de comediantes esplêndidos, dando ao filme o toque final para a perfeição. Entre cenas de luta ou drama, eles lá estavam para fazer rir com comentários despropositados ou uma sessão de karaoke. Podia estar alguém na hora da morte que estes dois faziam o público rir com as aventuras hilárias. Podemos pensar neles como os procedentes de Loki, Thor ou até mesmo a dupla de Peter Quill e Rocket em Guardiões da Galáxia.

Relativamente à parte técnica, toda a obra foi bem concebida. Tudo foi pensado ao pormenor e foi feito para satisfação visual e auditiva. Assim, tudo ficou perfeito! Para começar, se compararmos os momentos de luta de filmes posteriores da MCU existem imensas diferenças. Os cortes de imagem e o foco na violência e armas das personagens numa luta entre Thanos e os Vingadores, por exemplo, não acontecem nesta longa-metragem. Todos os momentos de luta são lentos e coreografados. O que devia ser uma cena de violência e morte torna-se quase num espetáculo de dança contemporânea. Com a diminuição da velocidade da imagem é possível observar cada detalhe da personagem e cada técnica que esta utiliza. Por isso, a câmara vai-se movimentando de com acordo o salto, o “mortal”, o murro, o movimento de braço, entre outros, de forma a envolver o espectador na luta, mas de forma confortável. Há, também, a parte sonora na luta que a torna num ato suave e harmonioso. Em cada ataque ou defesa por parte dos envolvidos no conflito, o som acompanha leve e lentamente o golpe e aumenta de intensidade assim que chega ao seu “destino”.

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Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis tem, obviamente, traços da mitologia chinesa, e isso é indiscutível! Todo o santuário de treino de artes marciais, a vila Ta Lo, os monstros ligados a esta mitologia, entre outros. Tudo isto mostra uma parte da sua cultura. Contudo, não deixa de parte o universo ao qual pertence. Para os fãs, a melhor parte nos filmes individuais de cada super-herói é descobrir qual a possível ligação entre mundos e a outras personagens da MCU. Esse foi, talvez, o maior mistério de toda a obra: qual a ligação deste herói ao restante universo? Irá a dupla Shang-Chi e Katy unir-se aos antigos heróis da MCU? Poderá criar-se uma nova aliança entre super-heróis no descobrimento de novos mistérios? Estas questões podem apenas ser respondidas com os novos lançamentos da fase quatro da Marvel, uma fase de encerramento para muitas personagens e começo para outras.

Superando as expectativas de todos, a produção com o herói asiático da Marvel torna-se no primeiro com um elenco maioritariamente asiático. A longa-metragem dá destaque à China e abre asas à diversidade entre nações. Com a junção de comédia, ação e uma pitada de Marvel, o filme tem tudo para ser um sucesso nas bilheteiras e entre os críticos.