O Dia Mundial de Prevenção do Suicídio é assinalado no dia 10 de setembro de cada ano.

Além de continuar a ser um tema tabu, o suicído também parece estar encoberto de mitos que importa desconstruir, se o caminho a percorrer é o da prevenção. Suicído, para a Direção-Geral de Saúde (DGS), é o ato intencional e deliberado levado a cabo por uma pessoa para pôr fim à própria vida. Ou seja, não é uma doença, mas, muitas vezes, decorre de uma patologia. Por esse motivo, é comum que pensamentos suicidas e suicídio estejam, de alguma forma, relacionados com a depressão. Para a organização, “identificar e tratar doenças” é a peça-chave na prevenção do suicídio.

Criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio procura evitar o mesmo, através de estratégias específicas a adotar pelos diversos países. Segundo a OMS, “mais de 700 000 pessoas morrem por suicídio todos os anos, ou seja, uma pessoa a cada 40 segundos”. Além disso, o número de tentativas de suicídio pode ser até 30 vezes superior ao número de mortes.

Em Portugal, de acordo com a DGS, em 2018, a taxa de mortalidade por suicídio foi de 9,7 óbitos por 100 mil habitantes. Com a pandemia da Covid-19, aumentaram os problemas ligados à saúde mental, mas os psiquiatras ainda não conseguem garantir se as circunstâncias em que vivemos estão a levar ao aumento do número de suicídios.

Como fenómeno multideterminado, o suicídio (e as tentativas de suicídio) constituem-se, refere a OMS, como “problemas de saúde pública que representam um grande desafio para a sociedade”. No entanto, ainda que continue a ser um assunto tabu, os especialistas defendem que não falar do suicídio não é a solução. Para contrariar o estigma em torno do suicídio, a sensibilização da sociedade e a disponibilidade de informação fidedigna sobre o tema são algumas das medidas presentes no Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, inserido no Programa Nacional para a Saúde Mental.

Nesta linha, os meios de comunicação assumem, para as organizações já referidas, um papel central na manutenção e prevenção da saúde mental na sociedade. A responsabilidade atribuída aos media e o impacto que causam na população são vantagens do exercício do jornalismo que ajudam a promover a literacia e dar palco a temas, como a saúde mental, que muitas vezes são esquecidos. Assim, “a disseminação de informação fidedigna e a consciencialização para o problema são as bases para veicular informação eficaz sobre o suicídio”, sublinha a DGS. Neste sentido, a DGS elaborou um manual de apoio para a elaboração de notícias sobre o suicídio.

Nesta publicação, refere-se que, na preparação das peças, o jornalista adote uma postura empática em relação à pessoa que dá o seu testemunho, quer seja alguém de luto, quer seja alguém que tenha feito uma tentativa de suicídio. Além disso, a DGS aponta que o jornalista deve assegurar a autenticidade e a pertinência do que é exposto.

No sentido inverso, o manual indica, entre vários pontos, cuidados a ter quando se trata de falar sobre suicídio. Além de não colocar a peça em lugar de destaque na capa, a DGS acrescenta que não se deve fornecer detalhes, incluindo fotografias ou vídeos, sobre o local, bem como não atribuir culpas.

A publicação refere ainda as redes sociais. Com a vantagem de ter maior facilidade em alcançar populações em risco, quando mal utilizadas, as redes sociais podem ser mais um elemento pouco benéfico, já que dão também espaço ao cyberbullying. Em linha com a ideia de que falar do assunto é benéfico, a DGS recomenda que se “promova o diálogo com os leitores, respondendo a dúvidas, preocupações ou até pedidos de ajuda de forma ponderada, clara e factual”.

Em resposta ao Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) mostra-se preocupada com o tema “quando, em concreto, há que fazer a ponderação do valor-notícia e do conhecido impacto potencial nos públicos”, pode ler-se na pronúncia publicada pela ERC a 23 de abril de 2013, altura em que estava em aberto a discussão pública o Plano Nacional para a Prevenção do Suicídio.

Linhas de Apoio e Prevenção do Suicídio em Portugal

SOS Voz Amiga: 213 544 545 – 912 802 669 – 963 524 660

Conversa Amiga: 808 237 327 – 210 027 159

Telefone da Amizade: 228 323 535

Voz de Apoio: 225 506 070