Magia e Sedução estreou em 1998 e apresenta, ao vivo e a cores, as personagens do livro de Alice Hoffman. O romance, envolvendo pitadas de drama e fantasia, dá vida à expressão “morrer de amores”.

Sally e Gillian Owens são duas irmãs que, além de partilharem um grau de parentesco, também partilham um segredo muito conhecido: ambas são bruxas. Sally e Gillian tentam viver ligeiramente longe de magias e fantasias, no entanto, o dom que partilham é talhado por uma maldição que as impede de amar verdadeiramente – “Qualquer homem que ganhe o coração de uma mulher Owens é encontrado enterrado”.

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Para Sally, que se apaixona, o infortúnio é deveras um problema. Contudo, para Gillian, que não se deixa cair por nenhum homem, a questão não a parece incomodar. Partindo desta constatação, o espectador começa a magicar que o problema da narrativa vai surgir diretamente associado a Sally, a mulher que, ao amar, mata. Porém, a tribulação surge de mão dada a Gillian. A jovem bruxa envolve-se num relacionamento abusivo com Jimmy Angelov e as duas irmãs acabam por o despachar. Consequentemente, a tragédia aparentemente resolvida desencadeia um fiasco sinistro e faz surgir um novo possível e morto amor.

A narrativa de Magia e Sedução é simples e genuína. O espectador não se perde com questões por resolver e percebe facilmente aquilo que se pretende transmitir. O que sobressaí mais na longa-metragem é a pureza do laço estabelecido entre as duas irmãs. O relacionamento de Sally e de Gillian é evidenciado com intensidade, é algo energético e profundo. As jovens são apresentadas ativamente como se fossem unha e carne.

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A relação das personagens deve-se linearmente à ligação que as atrizes conseguem precisar uma com a outra. Sally ganha vida através de Sandra Bullock e Gillian é apresentada por Nicole Kidman. Na verdade, a junção destas suas artistas parece algo duvidoso, mas o par não funciona nada mal. Sandra Bullock destaca-se mais do que Nicole Kidmam por causa da maior centralidade que apresenta o seu papel, no entanto, a sua personagem revela-se mais autêntica e fundada. Adicionalmente, a obra cinematográfica é composta por mais um molho de elementos que encaminham a narrativa, mas que não cedem muito mais à história.

Num filme de 1998, o espectador não pode deixar de reparar nos cenários mais baratos e nas cores mais poderosas. Além destes pormenores, o drama, a exuberância e os fortes movimentos de câmara também preenchem muito o ecrã. Estes últimos aspetos surgem para que o filme revele claramente os toques de insanidade associados ao mundo de fantasia, mas, com a periodicidade, revelam-se ligeiramente intrusivos.

Em conclusão, Magia e Sedução obriga o espectador a apreciar detalhes que não encontra agora nas obras cinematográficas atuais. De outra forma, o filme apresenta uma premissa divertida e vigente e permite ao espectador entrar num mundo de fantasia antigo e numa história dramaticamente ridícula e amorosa.