Os sucessivos confinamentos e o distanciamento social provocaram o agravamento do quadro clínico psicológico dos mais jovens.
Este domingo, dia 10 de outubro, comemora-se o Dia Mundial da Saúde Mental. A Direção Geral de Saúde (DGS) define saúde mental como sendo a “base do bem-estar geral”, referindo-se, entre outras, à capacidade de adaptação a novas circunstâncias de vida e ao estabelecimento de boas relações com os membros da comunidade.
Portugal é, há vários anos, o maior consumidor europeu de benzodiazepinas, apresentando também valores preocupantes no consumo de antidepressivos e álcool. Em junho de 2020, o Público noticiava que, em três meses, foram vendidas mais de cinco milhões de embalagens de fármacos psiquiátricos. Em janeiro deste ano, o assunto voltou a ser notícia, desta vez pelo aumento previsível do consumo deste tipo de medicamentos, motivado pela pandemia da Covid-19.
Segundo uma reportagem da SIC, há um ano, cerca de 31% dos jovens portugueses manifestavam sintomas depressivos, estimando-se o aumento significativo desta percentagem. De acordo com os resultados preliminares de um estudo realizado pela Universidade de Coimbra e citado pelo Público, a situação pandémica levou a que se verificassem sintomas depressivos acima do percentil 90 em 14% dos adolescentes entre os 13 e os 16 anos. Segundo o mesmo estudo, as raparigas lideram a tabela, apresentando sintomas de medo, tristeza e raiva significativamente superiores aos dos rapazes.
Num artigo publicado na secção Megafone do Público, a psicóloga Edite Queirós justifica esta sintomatologia com as consequências dos sucessivos confinamentos, nomeadamente a interrupção da conexão com colegas e amigos, a diminuição da atividade física e o consequente aumento da exposição aos ecrãs, motivada pelo ensino online. A profissional considera que “as instituições de ensino superior têm um papel importante na normalização da questão, na diminuição do estigma e na promoção da literacia psicológica entre estudantes, docentes e staff”. Por isso, constata a importância da partilha das dificuldades sentidas pelos estudantes ao nível da saúde mental inerentes à pandemia, bem como o reforço dos serviços de apoio fornecidos pelas universidades e politécnicos.
Por outro lado, Edite Queirós argumenta que os pais e cuidadores devem promover comportamentos que diminuam o sofrimento dos mais jovens, incluindo evitar transmitir mensagens demasiado alarmistas sobre a situação. Sempre que necessário, aconselha a recorrer às linhas de apoio criadas durante a pandemia ou à ajuda de um profissional.