Pessoas tem mais medo do vírus covid-19 do que de outras doenças tão ou mais graves.

Este sábado, dia 30 de outubro, Portugal celebra mais um Dia Nacional de Prevenção Contra o Cancro da Mama. O cancro da mama, segundo os estudos mais recentes do Globocan (2021), é o cancro mais prevalente em Portugal e no Mundo e a situação agravou-se com a pandemia. O ComUM esteve à conversa com a Delegação de Braga da Liga Portuguesa contra o Cancro para saber mais sobre as responsabilidades que a sociedade deve ter no que toca a esta doença.

A coordenadora regional da Delegação de Braga da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Maria Fátima Soeiro, afirmou que a população portuguesa, especialmente a mais jovem, ainda é desprovida de conhecimento na área. O pensamento do “só acontece aos outros” ainda está muito presente. A especialista explica ainda que, devido a certos tabus, os homens acabam por ter menos noção da doença do que as mulheres.

No que toca à influência que o vírus covid-19 teve no acompanhamento da doença, segundo a coordenadora, este “veio retardar o diagnóstico precoce” que determina, de forma antecipada, a presença de um cancro que pode ser tratado. Do mesmo modo, veio também fazer com que as pessoas tenham “mais medo do vírus do que outras doenças tão ou mais graves”, como o cancro.

“A verdade é que durante a pandemia houve um aumento de 40% de apoio psicológico, uma vez que o medo, ansiedade e stress, que são comuns em doentes oncológicos, aumentaram”, confessa Carla Isabel Ribeiro, responsável pela Psico-Oncologia da Delegação de Braga. A psicóloga refere que os doentes acabaram por enfrentar a doença sozinhos, já que não era permitido acompanhantes nos hospitais e centros de saúde. “O medo de saírem de casa, trouxe com eles o problema do adiamento dos novos diagnósticos, o que levou a que só em 2020 fossem diagnosticados mais de 7000 novos casos de cancro da mama”. Carla Ribeiro acrescenta que uma parte destes novos diagnósticos já se “encontravam num estado avançado”.

Maria Soeiro e Carla Ribeiro acreditam que, no caso de se voltar a confinar, as pessoas já vão ter aprendido que os locais de saúde são fundamentais. “Como já passamos por dois confinamentos, é certo que houve aprendizagem e as pessoas não vão temer tanto as idas aos hospitais”, reconheceu a coordenadora da Delegação de Braga.

Para terminar, a coordenadora e a psicóloga da Delegação de Braga da Liga Portuguesa Contra o Cancro apelaram à realização da palpação da mama e à necessidade da população ser seguida por um médico e, eventualmente, realizarem as mamografias. De forma a se prevenir o aparecimento do cancro da mama, a população deve estar atenta a diferentes sintomas. Sendo estes os nódulos, que são os efeitos secundários associados à doença, a textura da pele, que se pode assemelhar à casca da laranja, alterações na cor da mama ou na sua sensibilidade, à retração do mamilo e possíveis fluidos que possam ser expelidos.