Optimist, lançado a 15 de outubro, é o álbum de estreia de Finneas O’Connell. Aqui incorpora os mais diversos estilos musicais totalmente produzidos, escritos e interpretados por si. Surpreendente, especial e não deixa, de todo, a desejar.

Finneas Baird O’Connell, mais conhecido por Finneas, é um cantor, produtor, compositor e ator americano de 24 anos. No âmbito da representação, foi o protagonista do filme independente Life Inside Out (2013). Ficou, contudo, conhecido no ramo por interpretar o papel de Alistair na série Glee (2006) da FOX. Em 2009, apareceu em dois episódios da série Modern Family e em 2011 interpretou Spencer no filme Bad Teacher. Apesar do reconhecimento nesta àrea, é na música que se destaca. Na lista do artista já constam sete prémios Grammy, alguns dos quais devido ao primeiro álbum da sua irmã Billie Eilish, When We All Fall Asleep, Where Do We Go? de 2019, do qual é produtor.

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“A Concert Six Months From Now” é a primeira música a aparecer. Uma surpresa muito agradável e com um começo bastante interessante. A simplicidade encanta de uma forma diferente, cativante e serena. Quando a música cresce, ganha ainda mais vida e poder. Nota-se que é uma canção da época pós-pandémica, como destaca na letra ““Your favorite band is back on the road/ And this fall, they’re playin’ the Hollywood Bowl/ I’ve already purchased two seats for their show/ I guess I’m an optimist,”. De forma geral, é um tema calmo e constante, mas tem uma explosão a meio que muda por completo o sentimento. É arrepiante.

“The Kids Are All Dying” é bastante diferente do primeiro tema. Foca-se mais num estilo rock alegre e que corre bem. Com um piano pop por detrás, sentimos a alegria apesar da letra tão crítica. “Happy Now?”, por sua vez, também se enquadra nos estilos da música anterior apesar de menos roqueiro e de tons mais funk/soul. Os assobios já quase no final dão um toque relaxante e quase infantil, no bom sentido, e levam a um plano mental, como se de um sonho se tratasse. Já em “Hurt Locker”, o cantor questiona-se se toda a atenção que lhe dão será passageira. Sente-se alguma capacidade de persuasão, assim como no tema anterior.

“Only a Lifetime” apresenta todo um instrumental que nos move até uma mensagem que promove refletir sobre a nossa vida, sobre as nossas escolhas e sobre o arrependimento que estas podem trazer. “Don’t waste the time you have waiting for time to pass/ It’s only a lifetime./ That’s not long enough./ You’re not gonna like it without any love./ So don’t waste it” é a frase que marca e consegue descrever todo o tema. O tema “The 90s” é, de início a fim, repleto de harmonias, efeitos robóticos e pads. Parece que nunca irá crescer, até chegar ao refrão, onde há uma explosão que aparece sem aviso e que chama a atenção. Conseguimos ver aqui mais uma crítica, neste caso às redes sociais, e perceber a forma como o artista pensa muitas vezes nos momentos que viveu nos anos 90 e como sente falta deles.

“Love is Pain” é mais uma balada bem ao estilo de Finneas. Um piano vincado e que cresce ao longo da música pelo apoio de pads e cordas que dão um suporte incrível ao tema. No entanto, quando se fala em destaques de pianos em Optimist, é em “Peaches Etude” que pensamos. Neste tema apenas existe um piano. Num álbum deste tipo esperamos sempre vozes, harmonias, instrumentos e mais instrumentos e a decisão de mostrar apenas uma composição em piano é de encher o coração.

“Medieval” aborda todo o ciclo exaustivo do discurso e da exposição online provada por conflitos: “What should we fight about this time? What will you write about this time? What does it matter if you’re not fine? You should’ve kept that shit offline”.  Porém, “Someone Else’s Star”, com um mote diferente, descreve uma relação falhada. O artista fala da procura de algo e do encontrar o oposto (“Couldn’t beat ‘em, so you joined ‘em. Wanted freedom and got boredom”). No final, Finneas fala como se fosse desistir desta pessoa (“All the time, it’s time. I think it’s time to let it go”).

“Around My Neck” é um tema diferente e mais obscuro, com um toque de provocação. É provavelmente o momento mais diferente de todo o álbum e fora do habitual do artista. Felizmente, foi uma ótima aposta. “What They’ll Say About Us” é um tema bastante atual, inspirando-se nos protestos Black Lives Matter de 2020 e na morte do ator Nick Cordero devido à COVID-19.

“How It Ends”, por último, é um ótimo título para acabar. Num estilo mais disco funk, Finneas acaba o seu primeiro álbum de uma forma alegre e até, talvez, com uma metáfora e indicação do que podemos esperar para o futuro. O artista canta “This isn’t how it ends”, assim como nós esperamos que, para além dos trabalhos com Billie, a carreira a solo de Finneas não fique por aqui.