Nesta sexta-feira, dia 5 de novembro, comemora-se o Dia Mundial do Cinema. Desde a primeira apresentação pública e paga da arte cinematográfica no Grand Café, em Paris, no ano de 1895, pelos irmãos Auguste e Louis Lumière, o cinema tem vindo a desenvolver-se de forma magnífica. Do cinema a preto e branco e com dificuldade em fazer um retrato fidedigno da realidade, a sétima arte alcançou, após muitos anos, um patamar em que consegue dar vida ao mais ínfimo detalhe. Desta modo, o cinema tornou-se uma atividade que nos faz viajar não só por estórias, mas também por visuais fantásticos e distintos.

Claramente que nem todos as obras cinematográficas são boas. Porém, existem diversos filmes que arrebatem as nossas expectativas e horizontes. Independentemente da época e do grau do desenvolvimento do cinema, encontram-se diversas longas-metragens de alta qualidade que revolucionaram a indústria do grande ecrã. O ComUM apresenta algumas obras cinematográficas que se destacam, singularmente, na infinita lista de filmes existente.

 

A Branca de Neve e os Sete Anões (1937) –  A Branca de Neve e os Sete Anões, apesar de ter sido lançado há mais de 80 anos, continua a fazer parte da infância de muitos de nós. Assim, tem certamente de ter algo especial para, passado tanto tempo, continuar a ser um marco transversal às gerações. A adaptação do conto dos irmãos Grimm, abriu diversas portas no mundo da Sétima Arte. Para além de ser o primeiro filme produzido por Walt Disney, foi a primeira longa-metragem de animação dos Estados Unidos e a primeira a cores em todo o mundo. Além disso, é considerado o primeiro clássico da Disney e a Branca de Neve, a primeira princesa. Sem dúvida, o início de uma era que devemos relembrar. (Título Original: Snow White and the Seven Dwarfs)

 

Psico (1960) –  Realizado pelo mestre do suspense, Alfred Hitchcock, o filme tornou-se num exemplo de como criar tensão e desconforto no espectador. Psico apresenta-nos um dos personagens mais fascinantes e perturbadores da história do cinema, Norman Bates. Bates é um psicopata que despoleta várias das reviravoltas que marcaram para sempre o cinema.  Hitchcock foi pioneiro no terror psicológico e um mestre em como concretizar o suspense. Relembre-se a cena icónica do chuveiro, em que o Hitchcock volta a estar um passo à frente da sua época com o uso, pela primeira vez, da “falsa protagonista”. Inovador na arte de contar histórias, Psico revolucionou para sempre o cinema de terror e suspense. (Título Original: Psycho)

O Silêncio dos Inocentes (1991) – O Silêncio dos Inocentes é um filme revolucionário e diferencia-se dos restantes da mesma categoria pelo facto de transcender os limites do próprio género de terror. A longa é um retrato excecional da psicopatia humana que nos dá a conhecer as frustrações de um maníaco. Através dele, a audiência consegue perceber a realidade de um ser mentalmente perturbado e desta forma, é possível compreender como funciona o ato de manipulação de um psicopata. Para além disso, as atuações dos atores são evidentemente brilhantes, chegando até a hipnotizar o visualizador. Assim sendo, estamos perante uma narrativa hedionda e que põe à prova o psicológico de uma forma extremamente insolente. Desta forma, acaba por ser, de certa maneira, cativante aos olhos do espectador. (Título Original: The Silence of The Lambs)

 

Clube de Combate (1999) – Clube de Combate, realizado por David Fincher, é até hoje considerado um dos grandes filmes da indústria cinematográfica. Este reconhecimento deve-se ao facto de retratar um tema pouco usual: a saúde mental. Ao longo da ação a personagem principal cria uma relação de amizade com um desconhecido que o leva à criação de um clube de combate, onde os membros libertam os seus instintos mais primários que lhes permite libertar os seus demónios pessoais. Através desta amizade, a personagem consegue viver experiências que nunca conseguiria experimentar por si mesmo. Ou seja, conquista uma liberdade que nunca teve, mas que no seu íntimo almejava. No final, deparamo-nos com uma revelação surpreendente que revela muito sobre a natureza humana e os enigmas da nossa mente. (Título Original: Fight Club)

 

Cisne Negro (2010) – O melodrama de Darren Aronofsky mergulha no mundo do ballet e retrata a obsessão com a perfeição levada a um nível extremo. Mostra-nos o peso físico e psicológico da excelência, sobretudo quando é alimentada pelo desejo do inatingível. Facilmente nos perdemos numa espiral de alucinações, sem saber o que é real e o que é produto da psicose da protagonista. Destaca-se sobretudo a irrepreensível performance de Natalie Portman no papel principal, que lhe garantiu um Óscar nesse ano. Ainda que não seja o primeiro filme do seu género, Cisne Negro é, sem dúvida, uma referência quando pensamos no tema do “artista obcecado”. (Título Original: Black Swan)

 

Shutter Island (2010) – Shutter Island estreou em 2010 e anos depois, continua a ser uma referência no mundo cinematográfico. O ator Leonardo DiCaprio dá vida a um polícia que, juntamente com o seu novo parceiro, Mark Ruffalo, investiga o desaparecimento misterioso de uma doente numa ilha-prisão ao largo de Boston. Shutter Island corresponde a um hospital psiquiátrico, a uma prisão de alta segurança para os mais perigosos criminosos da América, de onde, segundo consta, é impossível escapar. Ao longo da investigação, a personagem principal vai descobrindo pontas soltas em torno de todo aquele processo. Apoderando-se das inconsistências do espaço, Shutter Island mergulha na própria complexidade humana, deixando todos os espectadores de boca aberta. (Título Original: Shutter Island)

 

Grand Budapest Hotel (2014) – Debaixo da tutela de Wes Anderson e Hugo Guinness, Grand Budapest Hotel é, definitivamente, uma longa-metragem singular, que no meio desta lista de filmes autênticos, garantia o primeiro lugar se fosse um ranking. Se a narrativa já é totalmente fora da caixa, todos os outros aspetos acompanham a “loucura” que corre neste filme. Uma cinematografia brilhante, um design de som executado ao pormenor e uma palete de cores extasiante que nos faz mergulhar num novo mundo. De facto, é uma obra cinematográfica tão maravilhosa que tem que ser visionada para se entender o quão inovadora é. (Título Original: The Grand Budapest Hotel)

 

A Criada (2016) – Park Chan-wook desafiou aquilo que o cinema tem sido durante anos e anos para criar a produção inigualável que é A Criada. Num enlaçar de diferentes critérios, a longa-metragem constitui-se como uma das mais belas obras cinematográficas que o grande ecrã já passou. O que torna este filme tão poderoso e excitante é uma narrativa única, assente em bons diálogos e situações misteriosas que abrem espaço para plot twists nunca antes vistos e uma originalidade de início ao fim. Park não falha em entregar-nos um trabalho de excelência em todos os aspetos, que eu nunca havia antes visto no cinema. (Título Original: Ah-ga-ssi)

 

Era Uma Vez em … Hollywood (2019) – Que Quentin Tarantino é um génio ímpar, já todos sabíamos. Contudo, é maravilhoso ver que filme após filme, Tarantino não perde o seu poder de construir grandes trabalhos, que competem com as suas produções anteriores. Era Uma Vez em … Hollywood é exemplo desta capacidade de reinvenção que Tarantino imana. No entanto, nesta obra cinematográfica em específico, o realizador desafia o previsível e a tradição cinematográfica, ainda mais do que costuma fazer. Ademais, arrisca-se em pegar em factos históricos e moldá-los à sua vontade sem se tornar ofensivo. Todavia, não é só na premissa que a longa-metragem se destaca, a atuação, o som e a montagem alinham-se para criar uma das melhores peças cinematográficas da História. Porém, é na cinematografia que se fazem os floreados e que se proporciona o prazer visual que é Era Uma Vez em … Hollywood. (Título Original: Once Upon a Time … in Hollywood)

 

O Farol (2019) – A longa-metragem de terror psicológico, nomeada para Óscar de Melhor Fotografia, é uma ode ao bom cinema por vários motivos. Robert Pattinson e Willem Dafoe mostram-nos o melhor de duas gerações de atores diferentes, através de momentos em que contracenam intensamente. Uma direção de Robert Eggers de deixar qualquer um de queixo caído, com um regresso impressionante do preto e branco com 35mm. Uma sonoplastia intensa e desconfortável como todo o contexto pede. Uma narrativa tempestuosa, reflexiva, mitológica e claustrofóbica. Um filme que deve ecoar no tempo. (Título Original: The Lighthouse)

Artigo por: Ana Catarina Fernandes, Bruna Sousa, Inês Pinto, Francisco Alves, João da Silva, José Vale e Leonor Alhinho