A cantora e compositora norte americana Taylor Swift lançou o seu álbum de estreia, intitulado com o seu próprio nome, em outubro de 2006. Após 15 anos de uma carreira que tem vindo a dar que falar, vale a pena analisar o sucesso country que apresentou ao mundo aquela que viria a consagrar-se como uma das cantoras de maior sucesso da atualidade.

O ano era 2006 e Taylor Swift preparava-se para lançar o disco que lhe abriu portas a uma carreira surpreendente na indústria musical. Com o nome da artista enquanto título, Taylor Swift assemelha-se bastante a um diário confidencial de uma adolescente comum. São vários os desabafos e lamentações expressos ao longo das 11 faixas, todas elas compostas pela própria cantora desde os 12 anos de idade.

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Não há dúvida de que o amor é um tema recorrente nas composições de Swift. “Tim McGraw” é um single nostálgico e agridoce, com um instrumental descontraído que transita entre o country tradicional e o moderno. É com uma viola nas mãos que a artista se dá a conhecer, cantando com tristeza sobre um romance que viria a terminar com o fim do verão e a partida do namorado para a faculdade. Apesar de se tratar do primeiro lançamento de uma jovem adolescente cujo nome ainda não era familiar, a canção rapidamente demonstrou o seu potencial comercial, tendo passado várias semanas no Billboard Hot 100.

Se por diversas vezes é comum os artistas fazerem sucesso com um single e rapidamente caírem no esquecimento dos media e dos ouvintes, Taylor conseguiu ser diferente. “Picture To Burn” conquistou a terceira posição na Billboard Hot Country Songs, tornando-se o terceiro single top 10 da cantora norte americana. A angústia derivada de, mais uma vez, o fim de um relacionamento amoroso ganha, aqui, um tom muito distinto do tema anterior. Acompanhada pelo som frenético de bateria, Swift canta com revolta a letra que tem tanto de ousada como de infantil. Apesar de o refrão ser cativante, a faixa perde qualidade com versos como “And if you come around saying sorry to me/My daddy’s gonna show you how sorry you’ll be”. No entanto, pelo facto de serem letras provenientes de uma jovem de somente 16 anos, torna-se compreensível.

É impossível analisar as raízes country da artista e não mencionar a incomparável “Teardrops On My Guitar”. Guiada pelos acordes suaves de uma viola, instrumento esse que se tornou imagem de marca da artista, a canção surge como um verdadeiro hino aos corações partidos. Este é aquele típico single com o qual nos identificamos facilmente, uma vez que não é difícil encontrar alguém que já tenha passado por pelo menos um episódio de amor não correspondido.

A cantora e compositora norte-americana realmente tem a capacidade de construir narrativas envolventes através das suas composições. “A Place In This World” é apenas mais um exemplo desse talento único e tão característico da cantora. Com recurso a versos como “I don’t know what I want, so don’t ask me/Cause I’m still trying to figure it out”, Swift revela sentir-se confusa relativamente ao futuro. Contudo, e apesar de desconhecer o seu lugar no mundo, sente-se feliz com as pequenas coisas que o presente lhe proporciona, tal como as canções na rádio ou o brilho do sol (sem imaginar que o seu papel passaria por tocar milhões de pessoas ao redor do mundo através da música).

Para quem pensa que Taylor Swift compõe exclusivamente canções sobre as suas próprias vivências, eis um tema que demonstra precisamente o contrário. “Mary’s Song (Oh My My My)” conta a história de amor de um casal idoso que, na altura, era vizinho da artista. Desde as brincadeiras de infância ao casamento e constituição de família, a canção prova que, afinal, o “felizes para sempre” não é impossível.

Por falar em relacionamentos felizes, vale, ainda, destacar a faixa “Our Song”, que ilustra perfeitamente a realidade de se estar a viver um romance saudável com alguém. A nível musical, o tema consiste na utilização de vocais, piano, guitarra, banjo e violino. Na letra, escrita na primeira pessoa, a intérprete afirma que a canção do casal nada mais é que o conjunto de momentos únicos e divertidos que dão vida ao relacionamento. “Our Song” foi recebida positivamente por diversos críticos que destacaram, essencialmente, a habilidade de Swift para compor uma narrativa convincente com tão pouca idade.

É um facto que Taylor Swift sabe precisamente como contar uma história através das canções que compõe. A artista não só cria temas com os quais os ouvintes se identificam, como faz com que as pessoas sintam as emoções que pretende transmitir. Esta é uma característica que sempre a acompanhou, mas que tem vindo a evoluir significativamente ao longo do tempo. Exemplo disso são os seus trabalhos mais recentes, tal como “folklore” ou “evermore”, ambos de 2020, cujas composições poderiam ser reunidas num livro de poesia.

O disco de estreia de Taylor Swift é um projeto cativante e coeso, com melodias viciantes e letras envolventes. É interessante perceber que, apesar de a artista ter crescido bastante nas técnicas e habilidades para compor, o seu toque único e inconfundível para escrever esteve sempre presente em todos os trabalhos que foi lançando. Swift não compõe canções apenas para quem está a sofrer por um coração partido, mas também para quem está num relacionamento feliz, para quem gosta de alguém e não é correspondido, ou até para quem simplesmente se sente perdido em relação ao presente e ao futuro. É esta característica em particular que torna as composições da cantora distintas das demais, e é esta a semente por detrás de todo o sucesso que se seguiu.