Com a reportagem sobre Maria* a percorrer as redes sociais, o debate sobre assédio sexual está a ser novamente abordado. Rita*, após ler o artigo da aluna, decidiu falar sobre a sua experiência ao ComUM, referindo-se ao funcionário dos Serviços Académicos da Universidade do Minho (SASUM) já acusado de assédio por Maria*. “Ao aperceber-me de comportamentos que sei que não são normais, comecei a “fugir” dele”, conta.
Rita* (nome fictício) é estudante na Universidade do Minho e reside na Residência Lloyd desde 2019. Durante os meses da estadia, que depois se viram interrompidos pela pandemia, o funcionário em questão abordava Rita* sempre que a via. De acordo com a aluna, a pessoa “falava muito e transbordava simpatia”.
“No início, começou por ser muito simpático e prestável, até que se sentiu na confiança de me tocar ou dar palmadinhas no braço e nas costas”. A estudante afirma evitar falar com o funcionário e, se o vir ao sair da residência, acelera o passo, fingindo-se com pressa. “Quando espero pelo elevador e me apercebo da presença dele tomo a opção das escadas”.
De acordo com Rita*, o funcionário faz um género de “ronda” pelas salas de estudo e pelas zonas de lazer. “Sempre que me encontro a estudar numa destas áreas, o funcionário aborda-me e faz-me várias perguntas. O funcionário faz, por vezes, comentários impróprios sobre a minha aparência”, acrescenta a aluna. “Desconfiei sempre de algo de errado, de uma falsa simpatia, de assédio disfarçado de elogios, mas nunca quis acreditar que pudesse haver algo mais. Não tinha ouvido falar sobre relatos até ao dia de ontem. No grupo de residentes, várias pessoas começaram a falar de situações em que ele assediou certas pessoas”.
Em relação à queixa de Maria*, Rita* considera que a Universidade lhes falhou, quando as deveria ter protegido. “É inadmissível receberem uma queixa desta gravidade e desvalorizarem. É inadmissível o funcionário em questão continuar a trabalhar lá, mesmo quando se sabe que ele tem acesso aos nomes de todos os residentes, ao quarto de cada um e à chave de todos os quartos, que pode usar quando bem entender”, termina.
Maria* foi a primeira estudante a apresentar queixa formal contra o funcionário da residência Lloyd. A aluna esteve na residência de setembro de 2019 a março de 2020 e só obteve resposta à queixa passados cinco meses. O funcionário permanece em funções.
No que diz respeito ao caso de Maria*, o ComUM contactou a provedora do estudante, Rosa Vasconcelos. A profissional declarou que não teve conhecimento de nenhuma queixa. Isto deve-se ao facto de a aluna ter submetido a queixa diretamente aos SASUM. O ComUM contactou os SASUM, mas ainda não obteve declarações em relação ao assunto.
A Associação Académica da Universidade do Minho, em comunicado publicado nas redes sociais, disponibilizou um questionário para ser preenchido pelos estudantes onde poderão denunciar eventuais atos de assédio, de forma anónima. As denuncias serão depois investigadas pelas autoridades policiais.
Relativamente a queixas dentro do campus da Universidade do Minho, a reitoria publicou um comunicado, expondo registos de “atos de exibicionismo de índole sexual, por parte de um indivíduo ainda não identificado pelas Autoridades, junto ao Edifício 1 do Campus de Gualtar”. A academia declara que está a fazer todos os esforços, em conjunto com a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Polícia Judiciária (PJ), para resolver a situação, tendo, assim, reforçado as medidas internas de segurança.
*nome fictício
Artigo por: Inês Batista e Maria Carvalho
Novembro 30, 2021
[…] caso, o de “Rita”, nome fictício, cuja sua história é contada no jornal ComUM (jornal dos alunos de Ciências da Comunicação), a estudante descreve que também foi importunada pelo mesmo porteiro da residência, descrevendo […]
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