A 24 de novembro de 1991 o mundo chorou a morte de Freddie Mercury. O vocalista dos Queen teve um impacto enorme no mundo da música. 30 anos depois do falecimento, relembremos esta figura peculiar.
Hoje é perfeitamente plausível levar uma vida tranquila e de poucas limitações apesar de se ser portador de HIV. Porém, esta realidade não tem muitos anos. Aliás, em 1991, Freddie Mercury perdeu a vida depois de uma luta de dez anos contra a doença que o enfraqueceu e o fez padecer com uma broncopneumonia. Nesta altura, contrair SIDA era uma morte lenta na sua forma literal, mas também ao nível social. O desconhecimento e falta de informação levavam a grandes preconceitos. Para percebermos melhor, muitos dos fãs de Queen só souberam que o vocalista da banda tinha contraído SIDA 24h antes deste falecer. Mercury tinha escondido isto para se proteger das manchetes agressivas dos media, visto que a doença era particularmente ligada à homossexualidade que, na altura, ainda era igualmente mal vista por muitos.
Mas mais concretamente, quem era Freddie Mercury? Nascido a 5 de setembro de 1946 em Zanzibar. A sua infância esteve longe de ser comum, muito menos fácil. Aos oito anos de idade fez, sozinho, uma viagem até Bombaim, na Índia, para conseguir continuar os seus estudos. A sua paixão pela música foi notória desde cedo. Foi aos 12 anos que teve a sua primeira banda, os The Hectics, com colegas de escola que lhe deram o apelido “Freddie”, visto que o foi batizado com o nome Farrokh Bulsara. O nome Mercury surgiria mais tarde devido a uma música que compôs. Ainda na escola, rcorrentemente sofria de bullying por parte de outros colegas devido à sua personalidade que era considerada “afeminada”. Foi aos 17, por sua vez, que a família, assustada com a Revolução Civil de Zanzibar em 1964, fugiu para Londres.
Na capital europeia, o artista licenciou-se em design gráfico. Contudo, a sua paixão pela música levou a que ele trabalhasse como vendedor de roupa, para dedicar tempo a projetos seus. Chegou a formar uma banda e a integrar outra, mas nenhuma durou muito tempo. Só em 1970 é que se juntou ao trio formador da banda Smile, que viria a alterar o seu nome para Queen. Foi também neste ano que conheceu Mary Austin, com quem teve um relacionamento amoroso até lhe confessar que era homossexual. Não obstante, Freddie e Mary mantiveram uma grande amizade até ao fim dos seus dias. Antes de falecer, deixou à amiga a quem dedicara a música “Love Of My Life” a mansão em Londres e, ainda hoje, esta é detentora de todos os direitos autorais das obras de Mercury. Em 1985 iniciou a relação com Jim Hutton, com quem viveu até ao fim dos seus dias.
A verdadeira fama foi atingida com o lançamento do álbum A Night at the Opera (1975) com os Queen. Aqui, Mercury fundiu o rock e a ópera de uma forma nunca antes vista, fazendo todos perceber que o fosso entre estilos musicais é aquilo que quisermos. Esta técnica tornou-se uma marca de muitos dos seus trabalhos, desde “Bohemian Rhapsody”, o sucesso de vendas, prémios e ainda hoje considerado uma das melhores músicas de sempre, até “Barcelona” com Montserrat Caballe.
Foi a sua voz extraordinária que o fez famoso, inicialmente. O cantor passava de grunhidos tipicamente associados ao rock, para tons antes apenas associados a vozes femininas num ápice. Nos últimos anos, imensos cientistas debruçaram-se sobre o fenómeno desta que é considerada uma das melhores vozes de sempre. Recentemente, descobriu-se que as cordas vocais do artista moviam-se mais rápido que o normal. A sua capacidade subarmónica e frequência modeladora (o que lhe permitia mudar de estilo rapidamente) também foram considerados casos de estudo. Apesar de tudo isto, a sua voz não foi o único elemento para o sucesso. O seu à vontade, carisma e energia eletrificante em palco ajudaram ao fenómeno mundial. Ainda hoje inúmeras pessoas reveem o concerto Live Aid, de 1985, onde à frente de 72 mil pessoas, Freddie Mercury deixou todas arrepiadas e nenhuma aborrecida.
Com os maiores feitos da sua vida era possível escrever um livro. “We Are The Champions”, “Bohemian Rhapsody”, “Don’t Stop Me Now”, “Under Pressure” “The Show Must Go On” são só algumas das músicas que ainda hoje ecooam por todo o lado, no sentido literal ou na sua influência. As nomeações e prémios vencidos são inúmeros. Mesmo depois da sua morte, as homenagens continuam em grande a relembra uma das maiores figuras da história. Entre estátuas, concertos de tributo, estrelas no chão e até um filme bio-pic, tudo mostra que o artista continua bastante vivo em cada um de nós. Continuemos a relembrar Freddie Mercury por muitos mais anos.