Estudantes revelam não ter programado, em plenário, falar com a equipa reitoral.

Várias centenas de alunos marcaram presença, esta quinta-feira, dia 2 de dezembro, na manifestação contra o assédio sexual. Exigem “revisão do Código de Conduta Ética”, “gabinete independente dedicado à resposta a casos de assédio”, “formações de prevenção e combate ao assédio” e “apoio psicológico gratuito às vítimas”.

O vice-reitor, Eugénio Campos Ferreira, mostrou-se disponível para receber os representantes da manifestação. Contudo, os alunos recusaram conversações por não terem elegido representantes. “Isto é uma luta de estudantes para estudantes e não podemos fazer nada que não tenha sido decidido em plenário”, argumenta a aluna de mestrado em Ecologia, Maria Madureira.

A estudante optou apenas por entregar o manifesto que reúne as reivindicações dos alunos, acrescentando que “se o reitor quer falar tem de ser para todos os estudantes”. Os alunos pedem assim que a reitoria contacte o “Movimento de denúncia de casos de violência na Universidade do Minho” para agendarem uma reunião.

Estudantes exigem responsabilização institucional

“Senhor reitor, responsabilize-se, por favor” esteve entre os cânticos mais entoados pelos estudantes, que começaram por aglomerar-se junto ao Prometeu. Note-se que o reitor anunciou na semana passada, em comunicado, o reforço de segurança nos campi, a melhoria da iluminação e o corte da vegetação, como resposta aos relatos de importunação sexual. O ComUM avançou, também, a notícia de reforço das câmaras de vigilância na UMinho.

Vera Caldeira, 20 anos, aluna de Bioquímica, considera que estas medidas são “um começo, melhor que nada”, mas “as vítimas precisam de sentir-se seguras para poder denunciar” e, por isso, apela à criação de estruturas independentes que saibam lidar com vítimas de assédio. Guilherme Cavalcanti, 22 anos, aluno da licenciatura em Línguas Aplicadas, vai mais longe. “Espero que eles [a reitoria] tomem uma atitude real, em vez de ficar polindo as aparências como a universidade sempre fez”.

Na chegada à reitoria, houve momento para a leitura de alguns dos testemunhos anónimos publicados na página de Instagram @denuncia.uminho, que conta já com mais de cinco mil seguidores e 150 publicações.

As denúncias continuam a surgir

Cátia Almeida, 20 anos, estudante da licenciatura em Relações Internacionais, foi uma das estudantes eleitas pelos restantes alunos para falar à comunicação social. Também ela foi vítima de assédio na Universidade do Minho. “Fui vítima de importunação sexual no campus [de Gualtar]. Na altura, não fiz queixa à universidade. Achei que foi um caso isolado e falei apenas com os meus colegas de turma”, revela a estudante.

“Há cerca de um mês voltou a acontecer e aí eu denunciei à universidade”. Cátia contactou a provedoria do estudante e foi-lhe fornecido um contacto de emergência ao qual deveria recorrer “apenas se se voltasse a repetir”. Este e outros casos semearam e continuam a semear a “indignação” entre os alunos. Segundo Raquel Brandão, 20 anos, estudante de Relações Internacionais e outra das alunas eleitas para representar os alunos, a manifestação “é um primeiro passo essencial para a resolução”. “Temos reivindicações claras e enquanto não formos ouvidos, esta luta continua”, afirma em declarações aos jornalistas.