No ativo desde 2005, é um dos epicentros culturais de Guimarães e atrai pessoas de todo o lado para assistirem a espetáculos e exposições.

O Centro Cultural Vila Flor (CCVF) é um espaço cultural, que nasceu da recuperação do Palácio Vila Flor, juntamente com espaços envolventes, localizado em Guimarães. O restauro da estrutura foi promovido pela Autarquia sendo que, o edifício onde decorrem os espetáculos de teatro está interligado com o Palácio de estilo Barroco e com os jardins.

Inaugurado no dia 17 de setembro de 2005, com o concerto dos Madredeus, o Centro Cultural Vila Flor tem um grande auditório com capacidade para cerca de oitocentos lugares e um pequeno auditório com duzentos. O novo edifício contém um restaurante, o Café Concerto e os serviços administrativos.

O palácio restaurado, com uma área de cerca de 1000 metros quadrados, alberga também a sede da Assembleia Municipal. Além disso, os seus jardins, que foram recuperados, receberam, em 2006, a Menção Honrosa na categoria Espaços Exteriores de Uso Público do Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista.

O ComUM esteve à conversa com a diretora artística d’A Oficina, Fátima Alçada. A diretora artística abordou o surgimento e objetivos do espaço cultural.

Quando inquirida acerca do que diferencia o CCVF das demais salas de espetáculos, a diretora artística menciona o facto de o Centro Cultural ter nascido da recuperação do Palácio Vila Flor. Fátima Alçada acrescenta ainda que é uma reabilitação “muito bem conseguida onde o antigo e o contemporâneo casam”. Trata-se de “um espaço que não é só uma sala de espetáculos”, isto porque  o lugar não é composto apenas por duas salas de espetáculos, como também por inúmeras salas de apoio, entre elas salas de ensaios e pequenos pátios, explicou.

“A questão da arquitetura, no CCVF não é de menor importância e faz dele único.”. Estas características permitem que seja possível “estar a acontecer várias coisas em simultâneo”. Deste modo, o Centro Cultural de Vila Flor é o único do país que é capaz de apresentar um conteúdo programático com exibições tão extenso.

Ademais, o centro rege-se por uma conduta muito própria, uma vez que opta por prestar apoio aos artistas e criadores dos espetáculos ao invés de apenas se limitar a “vender um produto”. Desta forma, a envolvência e a interação entre a equipa de produção e criativa das exibições e a direção do Centro Cultural é maior. “Trabalhámos em conjunto com os artistas a partir do momento de criação, sendo que, parte da programação do Centro Cultural acontece em regime de coprodução”, afirma Fátima.

Assim, o Centro Cultural de Vila Flor é uma instituição que “Dá votos de confiança e de apoio aos artistas para que eles ainda numa fase muito inicial do processo criativo se sintam acompanhados e tenham garantia de que o espetáculo quando estiver pronto já tem espaço para ser apresentado”, remata.

“É de ressaltar que a equipa do CCVF tem sempre em consideração a contemporaneidade das criações, independentemente da natureza das mesmas. Seja no teatro, seja na dança, na música, as propostas artísticas apresentadas são propostas criadas agora e a contemporaneidade é uma qualidade transversal”, nota. A diretora artística d’A Oficina revela que notou, desde o início, a afirmação do Centro não se verifica apenas em Guimarães, mas também a nível nacional.

“Desde a sua inauguração, foi notório o empenho das equipas de produção e direção para dar a conhecer este projeto e o facto de termos produções internacionais com bastante assiduidade fez-nos logo assumir um lugar de destaque”. Adicionalmente, ressalta o trabalho desenvolvido pelo CCVF para que “a candidatura de Guimarães a capital europeia da cultura saísse vencedora”.

Um dos principais objetivos e propósitos do centro cultural é dar apoio à criação artística nacional e internacional. Para além de pretender oferecer apoio aos artistas, “dota a cidade de uma oferta cultural bastante vibrante, associada a vários projetos.”

O grande intuito é “trazer cultura às pessoas sem terem de se deslocar a outras cidades para verem uma peça de teatro, um concerto ou um espetáculo”, admite. De outro modo, o espaço cultural quer oferecer aos artistas melhores condições de criação e um sítio para apresentarem os seus espetáculos.

O CCVF promove uma programação regular, semanal com propostas muito diferentes para chegar a públicos diferentes. “Não apresentamos apenas música. Pretendemos chegar a públicos diferentes e queremos que a população sinta que o lugar onde vive tem uma oferta cultural forte e de qualidade que acontece quase diariamente”, defende a diretora d’A Oficina.

Fátima Alçada explica que a pandemia é um desafio tal como é para qualquer outro espaço cultural. O planeamento é elaborado com antecipação e requer um esforço evidente. “Nos últimos anos, temos de ter de plano A, plano B e plano C, porque a probabilidade da nossa realidade dar reviravoltas tornou- se o nosso dia a dia”.

Apesar deste desafio, Fátima Alçada revela que “o que antes era uma dor de cabeça, um bicho de sete cabeças”, agora é já natural. “Apesar de não ser desejável estarmos sempre com o pé atrás para ver o que vai acontecer no próximo mês, estamos a conseguir trabalhar. Já foi muito pior para todos nós”.

Artigo por: Beatriz Azevedo Cunha e Catarina Fernandes