A lista A já se encontra em campanha com o mote “Apontamos direção”.

As eleições para os órgãos sociais da Associação Académica da Universidade do Minho decorrem na próxima terça-feira, dia 7 de dezembro. Duarte Lopes é um dos candidatos à presidência da direção. O estudante de mestrado e vice-presidente da AAUM apresentou a candidatura na sua página de Facebook no dia 19 de novembro. O ComUM esteve à conversa com o candidato para saber mais sobre a sua lista.

ComUM – O que é que motivou a tua candidatura à direção?

Duarte Lopes – Há três coisas que acho necessárias ter na base de qualquer candidatura. Primeiro, e a mais importante de todas, é saber o espaço que ocupamos e o que é que isso quer dizer. Perceber que a responsabilidade inerente a qualquer pessoa que se disponibiliza a este tipo de cargos é única e exclusivamente para servir uma comunidade específica. No caso, a comunidade académica da Universidade do Minho. Não quero, de todo, ser cliché, mas é a realidade. Se não formos humildes o suficiente para perceber isso, então não estamos numa fase de construir uma candidatura séria. A par disto, tem que existir visão e uma forma de ver e de construir própria, tanto para a estrutura, numa lógica interna, como para com quem essa estrutura contacta. É preciso ter uma visão global daquilo que é o Ensino Superior em Portugal e tudo o que é a estrutura da associação académica. Terceiro, mais a brincar, é ter o egocentrismo de achar que se tem uma visão melhor que a dos outros e que se é capaz de fazer diferença.

ComUM – Quais são os principais objetivos da tua candidatura? Como é que os pretendes concretizar?

Duarte Lopes – A Associação Académica tem duas frentes de trabalho: as atividades que faz e as suas reivindicações políticas, numa lógica de política no ensino superior. No que concerne àquilo que são atividades, acho que tenho uma mais valia que é a experiência. Quanto a reivindicações políticas, a Associação Académica tem agora lugar junto dos órgãos de tutela da universidade. Ou seja, há uns trinta ou quarenta anos atrás, a única forma de um estudante conseguir falar com um governante era ir “bater com panelas para a rua”, porque, na realidade, não era um direito conquistado. Felizmente, podemos dizer que hoje a associação académica pode falar diretamente com a tutela ou com grupos parlamentares e pedir uma reunião, ter essa reunião e apresentar a sua visão e pontos reivindicativos. E isto foi um direito que foi conquistado. A AAUM é e deve fazer parte do quotidiano de um estudante.

ComUM – Caso sejas eleito, o que é que pretendes manter e mudar em relação à direção anterior?

Duarte Lopes – Eu já estou nesta estrutura há três anos. O ano de 2019, com o ex-presidente Nuno Reis, foi um ano de grande aprendizagem e, sobretudo, de aprender o que é a estrutura. Nos dois anos seguintes tive oportunidade de estar numa posição de chefia, junto com o Rui Oliveira. A forma como a Associação Académica existe neste momento é, em grande parte, confortável, porque também estive numa posição onde tinha input direto na associação. Mas é sempre um projeto inacabado, em constante construção. Quanto mais não seja, a constante renovação de órgãos e membros obriga-a a estar em constante evolução. Há projetos que gostava de avançar já no próximo ano, como por exemplo a digitalização total do serviço de transportes. Há outros projetos que também gostávamos de avançar, como é o caso da nova sede em Braga e da remodelação da sede em Guimarães. Temos objetivo que passem a ser um espaço comum para os estudantes utilizarem para estudar, para trabalhos de grupo ou o que quer que seja. Queremos também estender o projeto UMfuturo para a cidade de Guimarães.

ComUM – No geral, os estudantes percecionam a AAUM como algo distante?

Duarte Lopes – É sempre uma pergunta difícil. Aliás, acho que é uma pergunta que pode ter várias respostas. Nós queremos que os estudantes se revejam naquilo que são os princípios da estrutura, aquilo que a estrutura faz, e às vezes não é fácil. E não é fácil sequer transmitir esta imagem. Os seus dirigentes são estudantes como os outros e, portanto, não é por não haver vontade. Isto é, a atividade da Associação Académica é, em muitas fases, muito intensa e acho que um dos grandes desafios que a AAUM agora atravessa é a sua capacidade de comunicar com estudantes. Aliás, isto é, no geral, um grande desafio para as estruturas hoje em dia: como é que somos capazes de comunicar e como é que somos capazes de fazer com que as pessoas queiram saber da nossa comunicação. E isso é um trabalho de campo complicado. Aliás, uma das estratégias que temos pensada para começar a colmatar isso é, primeiro, englobar em todas as nossas estratégias de comunicação uma comunicação presencial de contacto direto com os estudantes. Se se diz que nos últimos anos as redes sociais são o “holy grail” da comunicação, eu acho que já entramos numa fase de saturação. E o contacto pessoal, por ser diferente e ter sido abandonado, pode, acredito eu, criar essa proximidade. Outro projeto que eu acho fundamental para criar essa ligação é a nova sede aqui em Gualtar. Com todas as suas valências, vai ter um espaço administrativo, de trabalho e estudo, mas também vai ser uma sede para todos os grupos culturais e vai ter um bar académico aberto todo o dia no campus. E replicar tudo isto em Guimarães. Porque é que esses projetos são importantes? Muito mais do que um espaço para a Associação Académica, é um espaço para os estudantes. É um espaço para os estudantes que é da Associação Académica.

ComUM – Quais são as tuas previsões no que toca à abstenção?

Duarte Lopes – A abstenção, tradicionalmente, tem sido a grande vencedora das eleições. Historicamente, penso que o único ano que houve uma maior participação foi em 2016, e ainda assim não chegou aos 50%. E foi histórico. Portanto, os desafios são muitos. Eu sou da opinião que o voto eletrónico é um passo em frente no sentido de combater esta abstenção. Não como foi dito por alguns que os estudantes são preguiçosos para virem votar à universidade, acho que isso é um bocado presunçoso, mas muito mais numa lógica de, dando exemplos, estudantes Erasmus, estudantes trabalhadores, estudantes atletas. Muitas destas pessoas, se as urnas forem apenas presenciais, podem não conseguir ir votar mesmo que quisessem. Mas vão poder fazê-lo porque vão votar online. Não me arrisco com números, apenas apelo a uma participação em massa e referindo novamente que, com o voto eletrónico e toda a facilidade de votar, não fazê-lo é só uma alienação dos nossos direitos e deveres.

ComUM – Gostarias de deixar alguma mensagem à comunidade académica?

Duarte Lopes – A mensagem final que eu deixo desta candidatura é que é uma candidatura consolidada, que tem vindo a ser trabalhada ao longo do tempo. É uma candidatura representativa, na medida em que engloba a esmagadora maioria dos institutos e escolas da universidade, com ex-dirigentes e dirigentes de núcleos e dirigentes de grupos culturais. Ou seja, é uma candidatura extremamente abrangente e inclusiva e é isso mesmo que queremos que ela seja. Acima de tudo, espero que seja uma campanha transparente e informativa. O que eu apelo nesta fase aos estudantes é que pesquisem os projetos que existem, informem-se e leiam os manifestos. Um voto informado é um voto inteligente. E posso dizer com confiança que um voto informado é um voto na lista A.

Entrevista por: Maria Francisca Barros e Maria Carvalho

Artigo escrito por: Maria Carvalho

Multimédia: Maria Carvalho e Joana Oliveira