A cerimónia de dois minutos, sem discursos ou declarações, ficou marcada pela ausência do antecessor, o almirante Mendes Calado.

Henrique Gouveia e Melo, foi empossado, esta segunda-feira, como novo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). A assinatura do compromisso de honra do antigo coordenador do processo de vacinação contra a Covid-19 fez-se antes da hora prevista, com polémica e ausências de peso.

Depois de aprovada, em Conselho de Ministros, a proposta de nomeação, Gouveia e Melo substitui Mendes Calado como novo CEMA. O antecessor, que afirmou, num vídeo publicado na semana passada, não ter saído por “por vontade própria”, não esteve presente na cerimónia.

António Costa também esteve ausente e em representação do governo esteve o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, um dos protagonistas do polémico processo de substituição do CEMA. Recorde-se que, em setembro, o Presidente da República travou o afastamento de Mendes Calado, desautorizando a exoneração proposta pelo governo.

O Almirante Silva Ribeiro, chefe do Estado-Maior-Geral das Forças Armadas (CEMGFA), e alguns representantes do Exército, da Marinha e da Força Área estiveram presentes em Belém. A brevidade da cerimónia foi justificada pela situação pandémica no país. Para além de Gouveia e Melo, que passa de vice-almirante a almirante, também Marcelo de Sousa assinou o documento de tomada de posse.

As críticas à exoneração de Mendes Calado e posterior substituição por Gouveia e Melo contrastam com os elogios ao trabalho que este último fez no combate à pandemia, situação para a qual contribuíram as palavras de Ramalho Eanes. Em declarações à Lusa, o ex-presidente da República sublinha que “não se despede um Chefe de Estado-Maior e, quando se é obrigado a exonerá-lo, apontam-se razões que levam a isso”.

Num vídeo publicado no Facebook oficial da Marinha, António Mendes Calado falou na primeira pessoa e não deixou de realçar o afastamento forçado. “Os que me conhecem não entenderiam que abandonasse o leme da nossa Marinha depois de tanto resistir ao temporal que nos assolou nos últimos tempos”, apontou. À CNN Portugal, o primeiro-ministro admitiu haver um “entendimento de uma saída antes do termo do mandato”, num momento em que existem “novas leis orgânicas a entrar em vigor”, procedendo-se a esta alteração, com o apoio do Presidente da República.

Note-se ainda que, caso Mendes Calado se mantivesse em funções até ao fim do mandato – fevereiro de 2023 -, Gouveia e Melo não teria como chegar à chefia da Armada, porque passaria à reserva, atingindo o tempo-limite no posto de vice-almirante.