A lista P candidata-se à direção da AAUMinho com o mote “Ponto Final”.

As eleições para os órgãos sociais da Associação Académica da Universidade do Minho decorrem na próxima terça-feira, dia 7 de dezembro. Hélder Matos, aluno de Ciência Política, é um dos três candidatos à direção da associação pela lista Ponto Final. O ComUM esteve à conversa com o estudante, de modo a perceber a visão e objetivos da sua candidatura.

 ComUM – O que motivou a tua candidatura à presidência da Associação Académica?

Hélder Matos – Eu olho para a Associação Académica e vejo que está longe dos estudantes. Assim, a nossa candidatura surge no sentido de tentar aproximar os estudantes aos órgãos de representação democrática. As próprias reuniões gerais de alunos têm muito pouca participação e divulgação. Nós pretendemos que os estudantes tenham a motivação e o interesse para participarem democraticamente naquilo que são as decisões dos órgãos que os representam.

ComUM – Como foi pensada a criação da lista P?

Hélder Matos – Durante o processo de formação da lista, tentámos sempre encaixar as melhores pessoas para as melhores posições. Isto significa que as pessoas que estão nos vários departamentos, estão no sítio certo e trabalham bem em equipa.

Durante o processo de formação do nosso programa eleitoral, os departamentos tiveram autonomia para expressarem as suas próprias reivindicações e para escreverem a sua própria parte. Ou seja, podemos afirmar que o programa não foi construído numa estrutura de cúpula, mas sim numa estrutura horizontal e de participação ativa de todos os integrantes da nossa lista.

ComUM – Enquanto lista, quais os vossos principais objetivos?

Hélder Matos – Um dos nossos principais objetivos é transformar a Associação Académica naquilo que devia ser: um posto de reivindicações, um ponto de comunicação com o poder local, central e com a própria tutela, de modo a resolver aqueles que consideramos serem os problemas mais urgentes e que necessitam de resolução na nossa universidade.

Refiro-me ao fim da propina, o fim do regime fundacional e também a questão das residências, com requalificação das existentes e a construção de outras mais. É completamente incomportável que existam tantos estudantes deslocados e tão poucas vagas para esses estudantes nas residências públicas.

ComUM – O que pretendem fazer para melhorar o problema do alojamento estudantil?

Hélder Matos – A Associação Académica em si não pode construir uma residência. No entanto, poderia utilizar as suas valências enquanto órgão institucional para fazer pressão junto daqueles que têm o poder, para que avance efetivamente o projeto de construção de uma nova residência.

ComUM – O que distingue a lista P das restantes listas?

Hélder Matos – Em primeiro lugar, quando dizemos que queremos acabar com a propina, não nos referimos apenas à licenciatura, mas também a todos os graus de ensino e principalmente aos estudantes internacionais. Adicionalmente, também temos a questão de sermos contra o regime fundacional. Estas são as principais temáticas que nos diferenciam em termos de propostas objetivas.

Em termos de modo de ação, nós temos uma perspetiva de querer efetivamente aproximar os estudantes da Associação Académica. Não queremos isolar a associação dos estudantes, mas sim criar pontes.

ComUM – O regime fundacional foi aprovado para os próximos cinco anos. De que forma a discussão sobre o regime fundacional se torna relevante neste momento?

Hélder Matos – É relevante a partir do momento em que tem consequências no dia a dia da universidade. Quando dizemos que somos contra, sabemos que não é por sermos eleitos que vamos conseguir acabar com ele. Simplesmente fazemos pressão e consciencializamos os estudantes para os perigos do regime fundacional. Se queremos acabar com a propina, significa que deve haver um grande investimento do Estado para que a universidade se torne efetivamente pública e o regime fundacional contraria isso.

Além disso, a partir do momento em que temos um Conselho de curadores superior ao reitor e com poder de homologação das decisões reitorais do Conselho geral, estamos perante algo que consideramos antidemocrático.

ComUM – Na tua opinião, o que leva um estudante a voltar na lista P?

Hélder Matos – Um estudante que vote na lista P, irá fazê-lo por verificar que, ao longo do tempo, as listas de continuidade, ou seja, as sucessivas direções da associação não o representam efetivamente. Não o ouvem e não se abrem ao diálogo. A auscultação existe, mas é insuficiente e isto é algo que queremos mudar.

ComUM – Tendo em conta o que já foi feito até agora pelas anteriores direções das AAUM, o que pretendes evoluir ou manter, caso sejas eleito?

Hélder Matos – Logicamente que nem tudo é mau. Nós referimo-nos à metodologia da associação e à questão proximidade. Não existe proximidade, mas sim um núcleo isolado de pessoas que se fecham ao resto da academia. Nós somos estudantes que nunca estivemos envolvidos na Associação Académica, porque as portas para nós sempre estiveram fechadas. É por esta razão que nós nos candidatámos, porque pretendemos abrir as portas para o resto da académica.

ComUM – O que pretendes fazer para criar uma maior proximidade entre a Associação Académica e os alunos da academia?

Hélder Matos – As pessoas que integram esta lista são pessoas que gostam de falar e não tem problema nenhum em estabelecer contacto com estudantes e falar com eles sobre as problemáticas. Nós consideramos que a auscultação não vem apenas de formulários online, mas sim do abrir efetivamente as portas aos estudantes para a sessão académica.

Por outro lado, também temos a questão da nova sede, para a qual olho positivamente por ter a sua construção dentro do campus. Isto irá permitir ter um espaço de vivência académica, não só para os dirigentes, mas para a comunidade no geral.

ComUM – Por último, consegues definir a tua lista numa palavra?

Hélder Matos – Posso defini-la não apenas em uma, mas em duas palavras: definimo-nos como Ponto. Ponto final.

Entrevista: Francisco Paiva e Joana Oliveira

Artigo por: Francisco Paiva

Multimédia: Ana Margarida Alves e Joana Oliveira