A lista C encontra-se em campanha com o mote “Compromisso com a academia”.
As eleições para os órgãos sociais da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) decorrem na próxima terça-feira, dia 7 de dezembro. José Diogo Soares, estudante de Medicina, é candidato pela lista C ao Conselho Fiscal e Jurisdicional (CFJ). O ComUM esteve à conversa com o candidato para saber mais sobre a sua lista.
ComUM – O que motivou a tua candidatura?
José Diogo Soares – A minha motivação vem daquilo que tem sido o meu percurso até agora. Eu comecei no associativismo desde o meu primeiro ano no Núcleo de Estudantes de Medicina e mantive-me durante três anos. Esse percurso tem me dado muito mais do que aquilo que eu dou ao associativismo e aos estudantes, ou seja, tenho aprendido e crescido muito e tenho podido representar a comunidade académica. É um grande privilégio representar e defender os interesses dos estudantes, que também são os meus interesses.
Precisamente como representante fui aprendendo e percebendo que a comunidade está cada vez mais exigente. Faz parte da função dos representantes conhecerem e envolverem-se na própria comunidade e, por isso, percebi que a comunidade está mais reivindicativa, o que se assemelha à forma como sou como pessoa. Por esta razão, devido ao meu percurso e ao facto de ter ingressado este ano na direção da AAUM, onde pode aprender muito sobre aquela que é a dinâmica da nossa associação, sinto-me capaz e confiante, com conhecimento e experiência suficiente para continuar a contribuir para esta representação e a contribuir para que os estudantes tenham aquilo que merecem e exigem. Sinto-me capaz deste papel, neste caso, no conselho fiscal.
Obviamente, uma das minhas grandes motivações é a minha equipa. Eu tenho uma equipa de nove pessoas extremamente competentes e com bastante experiência, que espelham uma grande diversidade e representatividade da universidade. Essas pessoas dão-me confiança e motivação para saber que estou a fazer o correto e a representar os estudantes.
ComUM – Quais são os teus principais objetivos da candidatura e da lista?
José Diogo Soares – Nós dividimos os objetivos em três áreas específicas. Primeiro, a dinâmica interna do conselho fiscal, no que toca aos seus elementos. Como é sabido, o CFJ é eleito pelo método de Hondt e, por isso, podem fazer parte do conselho várias listas. Assim, pretendemos promover essa cooperação no CFJ para que as competências sejam asseguradas, não só com os elementos, mas também com os restantes órgãos. Só assim, conseguimos atingir as metas comuns de todos os órgãos. No que diz respeito à aproximação com os estudantes, dentro daquilo que é o CFJ, defendemos o lema “juntos somos mais fortes”. Se todos os órgãos pretendem aproximar os estudantes, só com uma ação conjunta é que o conseguimos fazer.
No que toca às competências do CFJ, nós queremos desenvolver pareceres muito mais elaborados. Se formos ver o atual documento de pareceres do conselho, percebemos que são extremamente curtos, que não esclarecem a comunidade académica sobre a ação do CFJ. Pretendemos prolongar e enriquecer esses pareceres com sugestões e críticas construtivas, que possam ajudar os estudantes a compreender o que é a Associação Académica, envolver-se mais e a desenvolver o espírito crítico.
Por outro lado, queremos promover reuniões periódicas com a direção, para garantir que este regulamento seja eficaz, e promover também a participação do CFJ nas reuniões gerais dos alunos, que muitas vezes é escassa. Achamos importante dar a conhecer os vários pontos de situação que o CFJ vai fazendo ao longo do ano. Atualmente, o CFJ tem reuniões com a direção, mas a transparência sobre essas reuniões e sobre o que é a opinião do CFJ, muitas vezes, vai se perdendo ao longo do ano. Portanto, queremos continuar a manter essa comunicação e transparência sobre o trabalho do CFJ e também sobre o trabalho da direção. É nosso dever exigir à direção que seja mais transparente e comunicativa, que escute mais e seja mais próxima dos estudantes. Esse também é um objetivo da nossa lista.
ComUM – Caso sejas eleito o que pretendes manter e o que pretendes mudar em relação à atual direção do conselho?
José Diogo Soares – Atualmente, as competências do CFJ dizem respeito à fiscalização e ao acompanhamento orçamental. Está estatutariamente definido que deve ser feito um determinado número de reuniões entre o conselho fiscal e a direção de modo a acompanhar essa execução orçamental. No entanto, o que nós sentimos é que essas competências são asseguradas, mas é necessário fazer uma maior aproximação e mostrar mais esse trabalho aos estudantes. É preciso demonstrar que esse acompanhamento está a ser feito e explicar as conclusões que o próprio CFJ retira desse acompanhamento.
Relativamente aos pareceres, se formos olhar para o parecer da última RGA, este tem apenas uma página e fala levemente e globalmente do relatório, não detalhando nada. Eu julgo que isto acaba por não esclarecer os estudantes sobre aquilo que são os relatórios.
Nós queremos aproximar os estudantes das RGA. Muitos estudantes, que vão à RGA pela primeira vez, podem compreender muito melhor aqueles que são os relatórios e os planos a partir do parecer do CFJ. Se o conselho se comprometer a estender mais esses pareceres, vai ser possível aproximar os estudantes e melhorar aquela que é ação do CFJ. Assim podem perceber muito melhor o que é o órgão, que ainda está aquém do seria expectado quando comparamos com a direção ou com a Mesa da Reunião Geral de Alunos.
ComUM – Que medidas concretas tencionas implementar caso sejas eleito?
José Diogo Soares – Relativamente às medidas do CFJ, é promover pareceres mais extensivos e claros, que permitam aos estudantes desenvolver um espírito crítico. Também, trabalhar nas competências que o CFJ pode desenvolver para responder às necessidades dos estudantes.
Pretendemos criar uma estratégia conjunta com a direção e com a mesa do RGA: exigir tanto à direção que seja mais transparente, como também à própria mesa que cumpra os prazos de entrega dos relatórios e planos de atividades, e que os divulgue num espaço que seja aberto a todos.
Uma medida que poderia ser implementada era a realização desses documentos numa plataforma global de todas as RGA. Tal como existe no núcleo de estudantes, é algo que facilita essa transparência, pois os alunos podem pesquisar o que foi feito anteriormente pelas RGAS. Queremos estabelecer também um plano de divulgação e de apelo para a participação nas RGAS, principalmente na estratégia conjunta.
O papel da CFJ não é de concretização e não possui plataformas de comunicação como a direção. No entanto, tem um papel de mediador entre a comunidade académica e a direção, na medida em que pode aconselhar a que esta estabeleça uma comunicação mais transparente com os alunos.
ComUM – A apresentação da tua candidatura nas redes sociais foca-se essencialmente no compromisso. De que maneira pretendes assegurar esse compromisso?
José Diogo Soares – O compromisso com a academia relaciona-se muito com os nossos objetivos e com a nossa experiência. Somos nove elementos, de escolas diversas, e representamos a maior parte do campus. Esse compromisso está inerente a nós porque já representamos os estudantes ou continuamos a representá-los noutros órgãos e noutras associações.
No que toca ao compromisso com os estudantes, é precisamente a máxima de “o CFJ é um órgão de fiscalização, é um órgão de acompanhamento da direção, não deve trabalhar para os estudantes, mas para os estudantes”. Atualmente, os pareceres do CFJ são feitos para a direção, mas o CFJ deve trabalhar para os estudantes e estes pareceres têm de ser lidos e percebidos pelos estudantes. Nós queremos ajudar a direção, no entanto, estaremos sempre atentos aos objetivos dos estudantes e prontos a comunicar com os alunos. Sempre que houver uma reunião entre o CFJ e a direção, essa reunião vai ser divulgada aos estudantes com a maior transparência, porque trabalhamos para os estudantes e estamos comprometidos com os alunos.
ComUM – Como é que te distingues dos restantes candidatos a este órgão e porque é que os estudantes devem votar em ti?
José Diogo Soares – Na lista C, o que nos distingue é a nossa diversidade. Nós somos nove elementos e tentamos que estes nove elementos representem o máximo de estudantes da comunidade académica.
A nossa comunidade é completamente plural e é essencial que os órgãos representativos representem os estudantes. Na minha lista, essa diversidade está assegurada: temos estudantes dos 19 aos 21 anos, de primeiros e segundo ciclos de diferentes cursos, que estudam em três dos cinco campi que existem; 56% destes estudantes são do sexo feminino, portanto, também acompanham aquilo que é o espelho da comunidade académica, porque temos mais estudantes do género feminino; representamos sete de 12 escolas e institutos da Universidade do Minho. Esta diversidade é um dos pontos fortes da nossa candidatura.
Além disso, temos a experiência. Todos os elementos já fizeram parte de uma delegação ou de um núcleo da UMinho. Consequentemente, já conhecem de perto o associativismo e alguns já trabalharam com a AAUM. A experiência surge com o facto de eu ser atualmente presidente do CFJ do NEMUM. Este encargo também é muito enriquecedor para aquilo que vou fazer na Associação Académica. Ao nível da experiência, temos ainda dois elementos que fazem parte da atual direção e temos elementos que estiveram envolvidos em voluntariado, no desporto universitário e federado e em atividades extracurriculares, como música. Estas experiências asseguram-nos competências para conseguirmos fiscalizar e assegurar que as competências do CFJ são garantidas.
Eu apelo a todos os estudantes, que se revêm nos nossos objetivos, numa fiscalização eficiente e comprometida com os estudantes, nesta lista diversa, representativa, experiente e pautada pelo rigor, exigência e transparência, que votem na lista C, no próximo dia 7.
ComUM – Como consegues conciliar a tua atividade como médico com o associativismo?
José Diogo Soares – Ser estudante de medicina não é impeditivo de nenhum envolvimento associativo. Aliás, desde o meu primeiro ano, envolvi-me sempre no associativismo e tenho uma grande paixão pelo associativismo. É importante para o desenvolvimento pessoal e profissional e até mesmo como futuro médico é extremamente importante que nos envolvamos nestes projetos e que os consigamos conciliar. Eu próprio não consigo, neste momento, imaginar-me a fazer o curso e a ter a minha vida sem outros projetos além do curso. São estes projetos que me ajudam a ter grande gestão do meu tempo de estudo, dos meus estágios. Até agora correu sempre tudo muito bem. Um estudante de medicina tem imenso a ganhar com o associativismo e não acho de todo que seja impeditivo estudar medicina ou não para nos envolvermos em órgãos.
Entrevista por: Joana Oliveira
Artigo escrito por: Lara Inês Freitas
Multimédia: Ana Margarida Alves e Joana Oliveira