A peça Rite of Decay trouxe de volta ao Theatro Circo um serão de dança contemporânea.

Na passada sexta-feira, 21 de janeiro, estreou o espetáculo Rite of Decay na sala principal do Theatro Circo. A peça, da autoria de Joana Castro, coreógrafa e performer, marcou o retorno do ciclo “A Dança Dança-se com os Pés”.

A sessão “A Dança Dança-se com os Pés” iniciou com uma crítica muito clara dirigida ao Ministério da Cultura, concretamente, pela falta de apoios ao setor. Foi apontada a “falsidade” dos dirigentes e exigidas mudanças. “Sem cultura não há futuro”, ouviu-se no discurso. “A cultura muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo”.

No regresso do ciclo, depois de uma primeira edição em 2015/2016, foi exibida uma nova personalidade. Através do silêncio e do jogo de luzes, o projeto a solo de Joana Castro consistiu numa dança sobre a morte, ou várias mortes. O monodrama mostrou a forma como um corpo se desmultiplica noutros, já extintos ou por vir. O conceito passou pela observação abstrata de um corpo imperfeito que se defronta na tentativa de reconciliação com o fim. O fim do mundo foi interpretado como uma metáfora para a nossa própria degradação.

“É uma ‘peça-luto’, o lugar onde eu acho que me encontro enquanto pessoa, enquanto artista, e acho que é o lugar onde a dança também deve estar neste momento, não só a dança, mas a arte e a cultura no geral, nestes momentos conturbados que vivemos em Portugal, em que a arte e a cultura passam momentos um bocado complicados”, explicou a coreógrafa.

Joana Castro desenvolve projetos nas áreas da dança, performance e som. O seu trabalho já alcançou reconhecimento além-fronteiras e já colaborou com diversos nomes de prestígio.