A EEUM foi fundada em 1975 e tem como atual presidente Pedro Arezes.

A Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) é uma das 12 escolas que constituem a academia minhota. Fundada em 1975, a escola tem consolidado a sua posição entre as melhores instituições de ensino de engenharia a nível nacional, tendo também uma visibilidade a nível internacional. Em conversa com o ComUM, o atual presidente da EEUM, Pedro Martins Arezes, pronunciou-se acerca da precariedade e do envelhecimento do corpo docente como os principais problemas da instituição.

Este ano letivo entrou em vigor a medida que pôs fim aos mestrados integrados nos cursos de engenharia. Pedro Arezes confessa que começou por ver este processo como algo negativo, “pois iria exigir muito trabalho e reflexão”. “Num curto prazo de tempo foi nos quase imposto separar um curso que tínhamos desenhado como um curso completo, de cinco anos. Não poderia haver separação de três anos para um lado e dois para outro”, declara. No entanto, esta mudança que era vista como negativa passou a ser uma “oportunidade de repensar e redesenhar a oferta formativa”. “As várias direções de curso, embora em tempos muito reduzidos, puderam refletir sobre como podiam redesenhar os cursos de tal forma que pudessem ter um primeiro ciclo e depois um segundo ciclo”. Posto isso, o presidente da Escola de Engenharia considera que a solução encontrada foi “benéfica para todos os participantes”. Agora, “os alunos têm um primeiro ciclo que lhes dá competências básicas na área de engenharia e um segundo ciclo que fecha toda a formação na área”. O fim dos mestrados integrados em engenharia “acabou por ser uma oportunidade para repensar a formação e torna-la mais atual e moderna”, afirma.

E se um aluno completar apenas os três anos de formação, está menos preparado para ingressar no mercado de trabalho? Para o presidente da Escola de Engenharia, “um aluno de cinco anos está mais preparado do que um aluno de três anos de formação”. No entanto, assegura que a conclusão de apenas três anos de formação não invalida o início de uma carreira profissional pois, “muitas vezes, é o próprio mercado de trabalho que apresenta uma grande pressão para os alunos terem, desde já, os três anos de formação”. O presidente acredita que é a própria universidade que é mais ambiciosa e quer fazer algo mais na formação dos alunos, como dar-lhes “a possibilidade de alavancar muito mais as suas competências e desenvolver outras”. “A maior formação não significa nada de mau, pelo contrário, é algo muito positivo”, conclui

Por outro lado, “a Escola de Engenharia, apesar de ser uma escola já com 46 anos, é uma escola em constante mudança e com uma dinâmica diária”. Questionado sobre os aspetos que podem ser melhorados, Pedro Arezes destaca a problemática do envelhecimento do corpo docente. “A maior parte dos docentes foram contratados nas décadas de 80 e 90 do século passado e temos visto uma pouca entrada de novos. Precisamos, urgentemente, de injetar novas pessoas”, confessa.

Além disso, o docente realça também o problema da precariedade dos investigadores, docentes, técnicos e funcionários da Escola de Engenharia. “Por muito que as pessoas sejam brilhantes e tenham uma capacidade de trabalho, está na sua mente uma incerteza relativamente a um futuro”. Desta forma, defende que esta é uma questão que deve ser reequacionada “não só pelas instituições mas sobretudo pela tutela”.

Para o presidente, “a Escola de Engenharia é uma escola muito grande no contexto da Universidade do Minho”. A academia minhota não se preocupa apenas a formar alunos, “está, ao mesmo tempo, a criar investigação e conhecimento que é inovador do ponto de vista científico e no tecido económico local e nacional”. Desta forma, “a investigação na Universidade do Minho é central”.

A Escola de Engenharia, atualmente, “tem muitos projetos de investigação em curso”. Pedro Arezes dá destaque ao projeto Borch, o “projeto bandeira da Escola de Engenharia”, onde a sua participação tem sido massiva. Para além disso, a escola da UM tem também planos para o futuro dos seus cursos envolventes. Neste momento, estão a decorrer “projetos que envolvem a criação de dois novos cursos, o de engenharia aerodinâmica e engenharia aeroespacial”.

Da mesma forma, pretende-se a criação de um curso em ciência dos dados, “mais insipiente e em conjunto com outras escolas”. Assim, a instituição vai centrar o seu esforço na “produção e tentativa de arranque desses cursos”. Desta maneira, pretende criar um maior impacto na “geração de engenheiros que são criados e colocados no mercado em breve”.

Ainda sobre os projetos impulsionados pela Escola de Engenharia, Pedro Arezes garante que são os alunos que desenvolvem grande parte dos trabalhos. “Os alunos são tutorados pelos investigadores principais mas, grande parte do trabalho realizado e da energia nova e criativa dos projetos vem dos alunos”. Desta maneira, os estudantes de engenharia tem a possibilidade de criar “um traquejo e uma forma de pensamento e desenvolvimento que é essencial para o seu desempenho profissional”.

Por fim, para além dos trabalhos realizados pelos alunos dentro do curso, o presidente demarca também a importância dos alunos de engenharia se envolverem em atividades associativas de forma a complementar a sua formação. “Um engenheiro é muito mais do que aquilo que aprende nas aulas e na universidade, é aquilo que faz durante a sua formação e aprende fora da sala de aula”, afirma.

Artigo escrito por: Maria Francisca Barros

Entrevista por: Joana Oliveira