O projeto apresentado "não se coaduna com as necessidades estruturais e de desenvolvimento dos diferentes grupos culturais”.

Vários grupos e associações culturais da Universidade do Minho partilharam, esta sexta-feira, uma carta aberta dirigida ao reitor da academia minhota, Rui Vieira de Castro, e a toda a comunidade académica. O documento contesta as duas propostas apresentadas pela AAUMinho e pela própria universidade no que diz respeito ao espaço que está a ser pensado para os grupos culturais no projeto de construção da nova sede da AAUM.

De acordo com a carta, “a proposta apresentada não se coaduna com as necessidades estruturais e de desenvolvimento dos diferentes grupos culturais”. Assim, embora reconheçam a melhoria “de transferência para um edifício novo” e o benefício da proximidade com o Campus de Gualtar, os grupos culturais consideram que o projeto não serve “o propósito dos grupos”.

Segundo o Plenário dos Grupos Culturais da UMinho (PGCUM), as duas propostas apresentadas incorporam uma “redução dramática” do espaço disponibilizado. O projeto da construção da nova sede da AAUM prevê, de acordo com o documento, uma redução de 49% a 60% em relação ao atual espaço. Alguns grupos como a Augustuna, Azeituna e Gatuna têm previstas reduções entre os 40% e os 65% e a Associação Recreativa e Cultural da UMinho vai ser prejudicada entre 58% e 72%.

Em relação à primeira proposta, os assinantes manifestam-se contra a dimensão das salas, as quais não permitem “a permanência ou reunião de um grupo alargado de pessoas”. Do mesmo modo, referem que as salas de ensaios terão de ser partilhadas pelos vários grupos, o que não possibilita “uma gestão interna de funcionamento independente de cada um”. A proposta posterior “apresenta a vantagem de um espaço independente a cada grupo”. No entanto, as salas projetadas não possuem condições ao nível de área de trabalho e que mesmo as salas de maior dimensão não viabilizam “o desenvolvimento regular de ensaios com as condições mínimas de espaço”.

O documento frisa, ainda, as limitações e o estado degradado do espaço atual, que não tem dado resposta ao crescimento dos grupos em número de elementos e quantidade de património. “O edifício da sede atual está visivelmente degradado, com altos níveis de humidade, pelo que, para além de constituir um prejuízo à saúde pública e manutenção de património, regista já vários acidentes no passado recente (como aluimento de teto, inundações e infiltrações)”, lê-se na carta.

Por último, a carta dá nota de um grupo do PGCUM que já optou por não fazer a transferência de sede para o novo espaço. Segundo os assinantes, “esta decisão acabaria por permitir uma nova disposição ou planificação dos espaços pelos grupos interessados”. No entanto, a AAUMinho resolveu conceder o espaço a um grupo que, além de não pertencer ao PGCUM, não está legalmente reconhecido como associação. Esta decisão é classificada, pelo próprio plenário, como “inexplicável e até afrontosa para com os grupos culturais”.